Às vezes chegam cegonhas
envoltas de um instante
a transgredir o sossego sobrado
nas frias manhãs de nevoeiro.
Chegam ao recolher das trindades
para encurtar o glacial árctico
traçado ao longo dos canais
com presságios a viajarem tão longe!
Procuram o farol aceso na irrupção da noite
num imenso cruzar alegre.
É um voo à volta das ilhas verdes. Por fim
no império nostálgico chamam o teu nome
através dos filamentos da luz ausente.
Não há inverno no fogo eterno
nem viagens mergulhadas no vazio
só futuros longínquos sem Relógio Inglês
para aquelas vozes que destruíram na terra
o limite da vida.
Américo Moreira,
Visão de Bruma,
Angra do Heroísmo, DRAC, 1987
Visão de Bruma,
Angra do Heroísmo, DRAC, 1987