Academia Catarinense de Luto. Morreu Mário Pereira
Lélia Pereira Nunes(*)
Julho, 21. Segunda-feira fria, ensolarada, céu azul a emoldurar a Ilha como um abraço apaixonado. Hoje é o aniversário do jornalista e escritor Mário Antônio da Silva Pereira.
Hora: 07hs30min. Lá no alto do Morro da Boa Vista, de onde tantos viajantes e homens de letras cantaram loas à Ilha de Santa Catarina, no Hospital Baía Sul, acaba de falecer, no dia do seu natalício, o jornalista e escritor gaúcho de Porto Alegre, Mario Pereira, que há mais de três décadas deixou o “Porto dos Casaes,” e veio para Desterro, a terra que sempre acolhe a boa semente e que acolheu com afeto o homem de imprensa e de arte literária. Enamorado por Florianópolis, pela Ilha de Santa Catarina e sua gente, aqui ficou. Lançou sua âncora da esperança no Atlântico e fez de Florianópolis seu lar e sua guarida.
Participou ativamente da vida cultural da nossa cidade. Desde 2009 pertencia a Academia Catarinense de Letras, ocupando a cadeira 8. Foi Vice-Presidente da entidade na gestão Péricles Prade, 2012-2014. No ano de 2013, representando a ACL, presidiu a Câmara de Letras do Conselho Estadual de Cultura.
Formado em Jornalismo e Direito, além de quase cinquenta anos de profissão é autor de dez livros. Sua carreira como homem de imprensa começou em Porto Alegre como repórter e chegou a editor-chefe de importantes Jornais. Em Santa Catarina participou do projeto pioneiro da fundação do Diário Catarinense em meados da década de 80 e foi editor do O Estado.
Amava Florianópolis e era amado por seus pares e amigos. Declarou seu grande amor à “cidade de adoção” nas páginas do livro “Roteiro Histórico e Sentimental pelas Ruas de Florianópolis”.
Mario Pereira, escritor já “manezinho” que, sem qualquer concessão, ocupa um importante espaço da literatura dos catarinenses e, reconhecidamente, em outros espaços da comunicação social de Santa Catarina como jornalista e como professor do curso de Jornalismo da UNISUL.
Numa última homenagem ao confrade e amigo, Mário Pereira, transcrevo um fragmento da crônica que escrevi quando do lançamento de seu último livro:
“Seu catarinensismo está aqui patenteado de forma absoluta e encantadora no criativo Roteiro Histórico e Sentimental pelas Ruas de Florianópolis (Ed.UNISUL) que convida-nos a caminhar pelas ruas de Florianópolis na companhia de personagens da nossa história cultural, alguns até esquecidos no limbo da memória coletiva. Da cidade que se alonga e abraça o continente fronteiriço vai entrelaçando histórias e os sonhos de que a vida se tece. Sua narrativa saborosa se faz sentir ao correr da pena elegante e sutil, na prosa límpida ponteada de humor cativante, na linguagem leve no fluir a falar de vivências e lugares e no descortinar da memória de quem sabe entreter o leitor como um mágico que conhece a força do instante.
Histórias, reais e imaginárias, tout court significante, que no bailar da palavra traduz a memória dos afetos de todos nós.”
Mário Pereira partiu. Fica a saudade do amigo e a perenidade da sua inegável obra.
(*)Escritora. Membro da Academia Catarinense de Letras,Cadeira 26.
21 de Julho de 2014