Açores
Atlântida perdida que renasce
no silêncio dos montes vigilantes
nas crateras desertas onde pasce
um rebanho de estrelas e diamantes.
Arquipélago de mapas esquecidos
em ruínas de Templo sem idade.
Reino das sombras sob a luz dos vivos,
avançada fronteira da saudade.
Conjugam-se nos tempos infinitos
os verbos do silêncio. A terra fala
pela boca dos basaltos e granitos.
No mar fica o seu leito, uma ante-sala
de portas sabre as águas, como um grito
que até ao fim dos mundos não se cala.
José Carlos González,
Atlântida,
Angra do Heroísmo, Gráfica Angrense, Jul. – Out., 1962.
José Carlos González Rodrigues (1937-2000), bibliotecário, escritor, poeta, nasceu em Lisboa onde residiu e trabalhou. Esteve exilado em Paris antes do 25 de Abril. Quando se reformou foi viver para Kerlaz, França, onde veio a falecer.
Fonte fotografia: Olhares – http://olhares.aeiou.pt/caldeira_do_corvo_foto2008000.html