ALMA AÇÓRICA (11) Tive o gosto de apresentar o livro Histórias do Cacete em Junho de 2007, do velense, Prof. Jorge Silveira, obra editada pela Blu Edições.
Colectânea de histórias simples sobre a vivência do autor que inclui populares típicos das Velas. A alcunha da família do autor deu o nome ao livro. Contudo, o que não vem lá relatado é a saga do pai do autor (o sr Manuel Cacete) que tendo ido pescar para a Ponta dos Rosais com mais alguns amigos ficou desaparecido 3 dias. Na ilha e nas Velas, o sentimento e a certeza era de todos terem perecido no mar revolto de então. Efectivamente, passados 3 dias só Manuel Cacete apareceu na Vila. Os restantes pescadores não sobreviveram. Extraordinária para todos foi a escalada deste sobrevivente na falésia “a pique” da Ponta de Rosais com mais de 200 metros e o tempo de luta do “homem contra a rocha”.
ALMA AÇÓRICA (12) Li em tempos que Nemésio defendeu que somos ilhéus de “boa cepa” porque descendemos da geração dos Descobrimentos quando o País estava no auge…A verdade é que, só para nomear alguns que já se libertaram da lei da morte, são incontornáveis Antero Quental, Nemésio, Natália Correia, Manuel de Arriaga, Teófilo de Braga, Francisco Lacerda… Actualmente, no país e na diáspora também marcamos muito boa presença como se pode ver na recente “Rede Prestige” lançada pelo Governo dos Açores…Hoje, só vou lembrar, que até em vários Presidentes da República do Brasil houve ascendência de açorianos (afinal os Manezinhos já tinham valor)… embora o estudo não esteja concluído (falaram-me em 7 ou 8), pelo menos Getúlio Vargas, Jânio Quadros e João Goulart tinham “sangue açoriano”…
ALMA AÇÓRICA (13) Coincidência porque hoje é sexta-feira 13… E como a temperatura vai baixar, no grupo Central, sobretudo quando o Pico tem neve e o vento está do quadrante sul, antigamente as mães avisavam os filhos: ” Não saias em corpo para não apanhares frio”!
ALMA AÇÓRICA (14) Nos últimos anos, temos assistido a uma certa exaltação do orgulho de pertença ao povo dos Açores (expressão malquista nos corredores do poder centralista),mas compreensível à luz do cada vez maior conhecimento da nossa maneira de estar e de ser. Lembrei-me que uma das nossas características é a rija têmpera, como se vê, por exemplo, dos açorianos pioneiros no faroeste americano…. Entre eles , Donald Warrin e Geoffrey Gomes relatam a história de Manuel Brazil, um jorgense de Rosais, que ajudou o xerife Pat Garret a prender a figura lendária Billy the Kid. Nunca vi relatado que o jorgense era tio-avô do rosalense Padre Brasil, que me recordo de ter sido o fundador da cooperativa que levou a luz eléctrica às freguesias da Urzelina , onde foi pároco durante vários anos e também à sua freguesia natal. Mais simples, desconhecida e curiosa, foi para mim, o “Papa-Tabaco” alcunha do pescador nas Velas que falava muito bem inglês, o que lhe valeu terem-no associado ao bando de Al Capone, falando-se inclusivé numa tatuagem que teria no braço, com o nome do homem de Alcatraz. Tendo falado com ele, meu Pai concluiu que afinal tinha sido um destacado sindicalista nos EUA e teria sido expulso no tempo da caça às bruxas de McCarthy…
(Cont.)
Foto de: PontadosRosaisSJorgePbaeaz2016.jpg) #2 (http://www.horta.uac.pt/scubazores/S_Jorge/T24_28_P_Rosais_RSS.JPG)