ALMA AÇÓRICA (44)
O Maestro jorgense Francisco Lacerda, que dizia só haver dois lugares no Mundo, “a Fragueira-fajã recôndita e Paris”, passou férias na hidrópole Furnas. Aqui, certo dia deslocou-se à Filarmónica local -Harmonia Furnense- e deparou-se com um ensaio muito complicado, da peça L’Arlesienne de Bizet, pelo tom difícil para filarmónica. Então, durante 3 dias fechou-se no seu quarto e refez a partitura adequando-a ao tom para filarmónica. Toda a ilha de S. Miguel ficou espantada com a Harmonia Furnense na apresentação da L’Arlesienne…Foi um amigo “cigarrilha” (furnense) que, na “cavaqueira”, me deixou esta enorme grandeza da alma açórica de músico, maestro, simples e notável açoriano jorgense…
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ALMA AÇÓRICA (45)
No “meio” das últimas chuvadas que abalaram a costa norte em S. Miguel, na azáfama da normalização do trânsito, alguém estava a impedir uma viatura de socorro, e logo um popular disse: “sai daí, hoje não é dia de vir passear para a estrada”…Noutra altura, depois de alguma acalmia, alguém mais “justiceiro” disse: cuidado com os que querem “comêdado” (comer dado=aproveitar-se)”…
No final, ficou, felizmente, um sentimento mais sereno da nossa alma açórica: “ainda bem que não aconteceu nada” …justamente porque não houve perda de vidas a lamentar.
ALMA AÇÓRICA (46)
Nos Açores, às interjeições conhecidas, por vezes, a criatividade aumenta-lhes a força e o sentido…um antigo Reitor do Liceu Antero de Quental, quando alguém, “mordaz”, se expressava com propriedade e ironia, logo atalhava: “boca santa, com língua cheia de pregos de ripa”…
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http://musicacoriana.blogspot.ca/2011/11/exposicao-francisco-de-lacerda-um.html