Saltar para o conteúdo
    • Notícias
    • Desporto
    • Televisão
    • Rádio
    • RTP Play
    • RTP Palco
    • Zigzag Play
    • RTP Ensina
    • RTP Arquivos
RTP Açores
  • Informação
  • Legislativas 2025
  • Antena 1 Açores
  • Desporto
  • Programação
  • + RTP Açores
    Contactos

NO AR
Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Angola no coração de FERREIRA PINTO

João de Melo   (5/6)
Comunidades 19 fev, 2010, 19:00

Angola no coração de FERREIRA PINTO João de Melo (5/6)

ÁFRICA

Angola no coração de Ferreira Pinto

Dizem que o mundo começa nos Açores e no livro de Génesis. Dizem que termina em África, terra do fogo, continente de lendas, cazumbis e pássaros de bico vermelho com patas da cor do coral – sendo então o território perfeito do Apocalipse.

Na pintura de Ferreira Pinto, porém, não é assim. Há a vida, o tempo e a alegria. Há a dor, a coragem e a melancolia. Há a consciência do ser, a ansiedade do destino, a determinação dos passos que percorrem o caminho. A Angola de Ferreira Pinto, sendo ela mesma, é também uma projecção simbólica de todo o continente. Como se Angola fosse Angola mais a memória, mais a geografia onírica de outros povos e países que moram na terra da imaginação e do conhecimento. Nessa Angola concreta e mítica do pintor, o mundo atravessa uma ideia contínua, um movimento do rosto e do olhar, uma densidade de cores e formas expressivas que se constituem tanto na sua geografia humana como numa abóboda simbólica do universo. Vejo-a num esforço do esquecimento, em suspensão, a meio do gesto de caminhar, sem atender à alma que lhe dói e ao corpo que nela sangra. Vejo-a como um desejo, um impulso do coração, uma ciência do sentimento, um acto de fé contra o desespero, a morte, a própria nostalgia dos mortos e dos vivos.

A África de Ferreira Pinto (esta que eu aqui e agora contemplo, em presença e em sentimento, nos seus quadros) é um pronunciamento do olhar. Existe, nesse olhar, uma declaração antiga e renovada, uma orgulhosa ousadia, em levantamento dos motivos da tragédia, da dor, da alegria, da determinação e da esperança. Por isso o firmamento é turvo (entre o ocre, o fogo e a nuvem) como um tumulto contínuo; por isso a terra arde, vermelha e incandescente; por isso as roupas são garridas sobre os corpos densos – e por isso, também, os gestos são mais nítidos do que a sombra expressiva dos rostos.
Eis-nos perante uma busca de raiz, um regresso às profundezas da terra, uma espécie de nostalgia diferente da saudade e da memória – a qual tem como expressão a idade eterna do Homem, com seus mitos trágicos, sua história sentimental, os trabalhos, os dias. O telurismo absoluto da paixão e da vida.

Entre a circunstância açoriana e a vertente africana da pintura de Ferreira Pinto decorre afinal não apenas uma teoria do espaço, um modo de ver representado e um exercício precário da abstracção, mas sobretudo a expressão sentimental do tempo e da memória. Nos Açores, vê Ferreira Pinto a exuberância da paisagem e da vida, o concretismo e o desenho forte dos rostos; em Angola, escuta passos, as vozes, o frémito nocturno e a “metáfora do coração” da sua África. É essa mesma África convulsa, perturbada, perturbadora, que muitos de nós trazemos nos olhos da esperança e da memória ? sempre com ela no coração.

João de Melo ,Lisboa, 25 de Abril de 1995

RTP Play Promo
PUB
RTP Açores

Siga-nos nas redes sociais

Siga-nos nas redes sociais

  • Aceder ao Facebook da RTP Açores
  • Aceder ao Instagram da RTP Açores

Instale a aplicação RTP Play

  • Descarregar a aplicação RTP Play da Apple Store
  • Descarregar a aplicação RTP Play do Google Play
  • Programação
  • Contactos
Logo RTP RTP
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Youtube
  • flickr
    • NOTÍCIAS

    • DESPORTO

    • TELEVISÃO

    • RÁDIO

    • RTP ARQUIVOS

    • RTP Ensina

    • RTP PLAY

      • EM DIRETO
      • REVER PROGRAMAS
    • CONCURSOS

      • Perguntas frequentes
      • Contactos
    • CONTACTOS

    • Provedora do Telespectador

    • Provedora do Ouvinte

    • ACESSIBILIDADES

    • Satélites

    • A EMPRESA

    • CONSELHO GERAL INDEPENDENTE

    • CONSELHO DE OPINIÃO

    • CONTRATO DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO E TELEVISÃO

    • RGPD

      • Gestão das definições de Cookies
Política de Privacidade | Política de Cookies | Termos e Condições | Publicidade
© RTP, Rádio e Televisão de Portugal 2025