Aniversário de 79 Anos de Emanuel Félix
Se fosse vivo o meu grande amigo Emanuel Félix faria hoje, 24 de Outubro, 79 anos. Deixou este mundo muito novo. Conheci a poesia do Emanuel há muito anos (tantos que nem vale a pena contar) através do meu amigo, o crítico literário Vamberto Freitas. Conheci o Emanuel pessoalmente, através de outro grande amigo, o poeta Álamo Oliveira, que o sugeriu para o simpósio Filamentos da Herança Atlântica que organizei aqui em Tulare. A partir do primeiro simpósio em que o Emanuel participou, criámos uma empatia e um amizade que durará toda a eternidade. Aprendi muito com o Emanuel. Como transmiti hoje à Joana, cada conversa com este meu amigo (chamávamo-nos de primos) era uma aula, na poesia, em todas as facetas da literatura, nas artes plásticas, na política, na filosofia, na sociologia, na história, na religião, no culto da amizade e até mesmo no bom garfo e bom copo. O Emanuel foi, é e será sempre uma das grandes referências da minha vida e uma presença constante na nossa família. Os meus filhos ainda hoje falam dele e têm os seus livros. A comunidade de Tulare deve-lhe muito, pelo carinho, a amizade, o respeito que sempre mostrou à nossa comunidade. Era um apoiante da geminação Tulare-Angra. De uma cultura invulgar, de uma erudição espantosa, o poeta Emanuel Félix é uma das grandes vozes da poesia de língua portuguesa. Tenho muitas saudades tuas Emanuel. Hoje, mais uma vez vou ler a tua poesia e uma das tuas maravilhosas cartas que tinhas a amabilidade de me escrever. Sempre que recebia uma carta dele, telefonava-lhe e falávamos durante o mínimo, uma hora. É que como lhe dizia: "depois de ler as tuas cartas, apetece-me falar contigo, mas não me atrevo a escrever-te, porque as tuas cartas são obras de arte." Tenho um conjunto de cartas, que releio com alguma frequência, porque são tesouros e com cada releitura apendo algo. Era, acima de tudo um utópico o meu amigo Emanuel, que acreditava, veementemente, no culto da amizade e nos princípios fundamentais da liberdade. Detestava, como todos nós, do que falávamos tantas vezes: a cultura por decreto. Não quero ser maçador. Queria recordar, com muita saudade, o poeta Emanuel Félix, o meu amigo de sempre. Queria também recomendar aos que porventura não conhecem a sua poesia, que o leiam. O Emanuel é tão atual hoje como o era há 20 anos e como será daqui a 20 anos. É assim toda a grande poesia universal e o Emanuel é um desses grandes poetas.
Diniz Borges
24 de Outubro de 2015