AS PALAVRAS
A Fernando Aires
As palavras meu Deus como são
imprecisas volúveis No entanto
elas só (enquanto os homens passam)
guardam para sempre o sinal do tempo
Delas nascem depois os avisos
as borboletas do ar as larvas da terra
elas próprias escavam os abismos
abrem as asas/e o voo (elas só afinal) desferem
Imprecisas? Volúveis? mas inamovíveis
elas lá ficam na página branca
à espera de um Levanta-te e caminha
de qualquer voz humana
De Jesus, Eduíno. “As Palavras.” Os Silos do Silêncio. Lisboa: Casa da Moeda. 2005:229.