Tu que nas manhãs de sol
desfolhavas malmequeres de sonho,
tu que dançavas na espuma
exalavas murmúrios sem alento,
tu que dançavas na espuma
do mar que estoirava em ti,
foste um dia pluma d’águia,
foste um dia como bolas de sabão
que um menino inocente rebentava…
[Para ti criei mundos de bruma]
Para ti criei mundos de bruma
criei sois, formas e luas
para ti inventei o silêncio
e criei a aurora mais doirada.
Para ti sonhei a esperança
que teve forma, fundo e mundo
para ti criei palavras sem sentido
na brancura duma cerejeira;
E bebendo os horizontes contigo
fiz meus versos florir desta maneira.
Avelina da Silveira,
Mas o silêncio fica-me nos lábios,
DRAC, Angra do Heroísmo, 1983.