Partidos se dizem “perseguidos”, políticos votam contra o governo e contra o Brasil, misturando tudo.
Com um mandato ainda fresco nas mãos, a presidente se assemelha ao “pato manco” dos americanos – sendo que lá, nos EUA, este é apenas o apelido do presidente sem apoio, mas sem que seu mandato corra algum risco.
Resta aos brasileiros torcer pelas instituições, para que estas cumpram o seu papel, sem que sejam contaminadas pela baixa política.
É piada brasileira esse “presidencialismo de coalizão”, em que partidos como o PMDB apóiam o governo de manhã e de tarde votam como oposição. Todos só querem saber do bônus de ser governo, comandar “verbinhas” que vão garantir a sua reeleição parlamentar. O ônus fica para a presidente impopular. Assim é fácil: governar pela amostra das pesquisas…
Com um plenário fracionado por 28 partidos e 513 “espertos”, o Congresso vota projetos para falir o país e levá-lo ao caos, enxergando o poder como uma hiena enxerga um cavalo morto e dessossado.
Pobre Brasil. Muitas corporações, governos e parlamentares gostariam de “silenciar” a imprensa. Reclamam dos telejornais e dos jornais impressos, especialmente por causa do “cardápio” que servem no café da manhã e no jantar: corrupção, políticos cobertos de lodo e a eterna roubalheira – que nunca cessa, sempre se renova.
Nos países onde esse espelho reflete só as más imagens, urge melhorar o país, a cultura, a educação, a ética e a moral social. A imprensa não existe como entidade satânica. O que existe é a máquina que a tudo fotografa. Logo, a maior ameaça não é uma imprensa de olhos abertos. É a falta de imprensa livre.
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A presidente deveria aliar-se à verdade dos fatos. Admitir seus erros e desmandos na economia para tentar sair do buraco, com humildade. E rezar para que o Congresso pare de pensar que há 28 Palácios do Planalto a espera de cada um dos seus 28 partidos, muitos deles sem a menor representatividade.
“Impeachment” sem líderes sólidos, confiáveis, – que não contaminem as instituições só pela sede de poder – é uma aventura. Dois “impeachments” em menos de duas gerações é querer transformar o país em “Banana Republic”.
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Sobre o Autor:
Sérgio da Costa Ramos, um dos mais relevantes escritores de Santa Catarina. Cronista . Assina uma coluna de crônicas, diáriamente, no jornal Diário Catarinense – DC com sua escrita humorada, irônica e às vezes nada sutil. Mas, sempre brilhante.
Membro da Academia Catarinense de Letras,Cadeira 19.
Terceirense de origem, catarinense de berço. Duplamente Ilhéu.
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