Bruxas da Ilha & Halloween
A milenar tradição pagã, celta, o Halloween ( All hallow’s eve) chegou na América do Norte, nos meados do Séc. XIX, na bagagem do emigrante irlandês como crença do retorno das almas na véspera do Dia de Todos os Santos. Hoje, 31 de outubro, celebra o “Dia das Bruxas” com as crianças fantasiadas de bruxas e mascaradas, em alegre vaivém, batendo de porta em porta e dizendo: “doçura ou travessura”.
Uma tradição que nos remete às tradições do litoral catarinense: “Pão por Deus”, apenas sobrevivendo em diferentes leituras e a crença da “Procissão das Almas”. Patrimônios intangiveis que fizeram os caminhos do mar e sofreram alterações sensíveis com a viagem Atlântica e com o passar das gerações.
Já o “Halloween ou Dia das Bruxas” é muito recente a sua comemoração no Brasil. Para alguns, é mais uma festa importada que nada tem a ver com a Cultura local. Como se as nossas tradições populares fossem, genuinamente, brasileiras e já realizadas muito antes de Cabral aqui chegar.
E, antes que coloquem no mesmo caldeirão, o Halloween e as Bruxas da Ilha, lembrem que ambas possuem uma origem similar “celta”. Porém, no espaço Ilha de Santa Catarina têm feições próprias.
“Uma espécie de grande balanço consuetudinário das expressões culturais e populares do açoriano autóctone e do Atlântico Sul, observadas pela lente grande-angular enfeixada em dois séculos e meio de preservação, cultuação e evolução de hábitos, costumes e culturas açoritas”, descreve o escritor ilhéu (de cá) Sérgio da Costa Ramos.
As Bruxas da Ilha estão eternizadas na literatura enfeitiçando o leitor nas Artes, o Realismo Fantástico Ilhéu de Franklin Cascaes. Está presente na figura da mulher-bruxa, feiticeira, que tece a tela da sedução infinita, aprisionando na rede da pesca, no rendado da paixão. Abrem as comportas da criação, cristalizam esse universo no abraço das palavras, na composição musical, na linguagem plástica das formas e cores que faz vibrar a Ilha das Bruxas. Em tempos de “Halloween” vale a pena trazer à tona as nossas Bruxas da Ilha, de cá e de lá. Afinal, entre o real e o imaginário não há fronteiras.
Nota:Publicado no Jornal Diário Catarinense,edição especial de fim de Semana 31/10 e 01/11/2015.