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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de `BUAL, historicamente falando` – Eduíno de Jesus
Comunidades 13 mai, 2014, 15:21

`BUAL, historicamente falando` – Eduíno de Jesus





   
'Eduíno de Jesus' por Artur Bual




'Natália Correia' por Artur Bual,1975



 
'Paisagem'  por Artur Bual, 1967 

      

        1. A pintura de Artur Bual surgiu no panorama da arte portuguesa há sensivelmente meio século. Nesse tempo a arte abstracta, depois do período de acalmia de entre as duas guerras, tinha entrado em alta naEuropa e igualmente, senão mais, decerto mais, nos E. U. da América (para onde, aliás, haviam emigrado muitos dos principais artistas das vanguardas europeias do princípio do século).
       Em Portugal, os primeiros sinais de abstraccionismo na arte apareceram logo em 1945, justo no ano do desfecho da guerra. Esses  sinais encontram-se nos primeiros quadros abstracto-geométricos de  Fernando Lanhas e de um ou outro artista, poucos, e nem todos que  haveriam de seguir depois no caminho do abstraccionismo, como Joaquim  Rodrigo, Nadir Afonso, etc.. Foram vistos, primeiro, em exposições  colectivas de arte figurativa e só depois também numa ou outra  exposição individual. Nadir, Jorge de Oliveira, Lanhas, foram dos  primeiros a expor individualmente pintura abstracta.
       Não obstante, há meio século a arte abstracta ainda não tinha  em  Portugal estatuto de movimento. O que havia eram uns tantos artistas  que pintavam quadros abstracto-geométricos e outros tantos que levavam  as suas audácias líricas ou expressionistas até ao limite da  abstracção. Entre estes António Dacosta, Cesariny, Fernando de  Azevedo,  Vespeira, por exemplo. 
       Foi então que abriu em Lisboa um I Salão de Arte Abstracta , na  efémera e controversa, e hoje histórica , Galeria de Março, por  iniciativa e com pertinente apoio crítico de José-Augusto França. Esse  Salão ainda suscitou reacções agressivas do público e até deu origem a  polémicas entre os movimenos que naquele tempo disputavam a vanguarda,  mas o próprio facto de se justificar então um salão  de arte  portuguesa abstracta já era um indicador de que o Abstraccionismo em  Portugal havia deixado, enfim, de se confinar a uns poucos de casos  isolados de artistas para se tornar um movimento . De facto, a arte  abstracta já começava então a disputar ao Neo-Realismo e ao Surrealismo um espaço próprio na vanguarda da arte portuguesa e pode-se dizer, de resto, que os anos 50 foram os do seu apogeu em Portugal, a pontos de se justificar uma retrospectiva de arte abstracta mesmo antes do fim do decênio, em 1958.
       Bual encontrava-se entre os mais originais pintores dessa época.
       2. De facto,  na sua tese L’Art dans la Societé Portugaise au XX.ème Siècle , apresentada em 1963 na École des Hautes Études de Paris, secção de Ciências Sociais, José-Augusto França incluía Artur Bual, como iniciador do Gestualismo na pintura portuguesa, entre nove pintores que considerava representativos das várias tendências do Abstraccionismo desse tempo. Os outros eram Vespeira, Fernando Azevedo, Lanhas, Nadir, Joaquim Rodrigo, Menez, João Vieira e D’Assumpção, citados por esta ordem.
        Hoje, à distância de três para quatro décadas, podemos observar como evoluíram as tendências abstraccionistas daqueles artistas nesse longo e perturbado tempo e concluir (segundo as nossas convicções estéticas actuais) se eles, e não outros, eram de facto, na altura, os artistas mais representativos da arte abstracta em Portugal e se as suas tendências de então, ou quais delas, vieram, realmente, a adquirir espessura no tecido histórico do nosso Abstraccionismo.
        Naturalmente que haviam de surgir discrepâncias nas nossas conclusões (digo, nas conclusões dos actuais críticos, historiadores e público da arte) se tivéssemos de refazer a lista atrás citada; mas não é essa a questão. O que pretendo salientar é que, com o volver do tempo, é provável ter-se alterado  num ou outro pormenor, ou mesmo em certos aspectos essenciais, a visão  que tínhamos nos anos 60 da arte abstracta que se fazia em Portugal nessa altura. Tal nos levaria, sendo assim (e certamente seria) a introduzir alterações na lista elaborada por J. – A. França, suprimindo uns nomes e pondo outros no seu lugar, de harmonia com o que se nos afigura  hoje serem as tendências da arte abstracta portuguesa  há trinta e tal / quarenta anos. (Isso seria natural. Em Arte, o tempo é como o Sol no seu giro diurno:  projecta a sua luz sobre as coisas iluminando-as sucessivamente de ângulos diferentes, alterando-lhes a cada passo as proporções, fazendo sobressair perfis antes obscuros e ensombrando outros, modificando o jogo de claro-escuro da atmosfera onde  as coisas  –  que estão sempre no mesmo lugar  –  parece  moverem-se). Todavia,  por discrepantes que pudessem ser as listas de pintores historicamente representativos das várias tendências da pintura abstracta em Portugal nos últimos trinta ou quarenta anos, qualquer uma seria incompleta sem o nome de Artur Bual (isto independentemente do juízo de valor que se queira fazer da obra deste pintor, embora, a meu ver, também pelo facto de se tratar de um dos maiores pintores portugueses da segunda metade do século XX); e seria incompleta, porque a pintura de Bual é a primeira e ainda hoje a mais importante referência do Gestualismo na pintura portuguesa.
        Da pintura gestualista é possível gostar-se ou não e mesmo discutir sobre a sua validade estética; aliás, não faltará até quem ponha em causa a boa-fé de alguns pintores gestualistas que praticam o gestualismo por mera falta de jeito para a pintura. Mas, seja como for, o caso é que não é possível fazer uma síntese histórica nem um balanço crítico dos últimos quarenta anos de pintura portuguesa sem mencionar a pintura gestualista.
        Ora esse processo de pintura  começou em Portugal com Artur Bual em 1958 e foi na sua obra  que atingiu, e mantém ainda, a sua mais alta expressão estética…
        3.  Bual aparece no meio artístico português, como dissemos acima, no começo dos anos 50 do século XX, um tempo de alguns equívocos mas também de intensa ebulição criativa, em que a arte abstracta, após algumas realizações isoladas na linha do abstraccionismo geometric desde 1945 e de se exibir a meias com o Surrealismo pela transição do meio século – como tendência, ou divergência, desse movimento, digamos  – ,  passa finalmente a ser vista como uma Vanguarda entre (ou contra) o Neo-Realismo e o próprio Surrealismo, movimentos que eram, desde o final da Guerra (a II Mundial), os arraiais da arte moderna que agitavam mais alto as bandeiras. As três correntes – o Neo-Realismo e o Surrealismo e agora também a arte abstracta – tinham territórios bem delimitados no mapa das teorias, mas no terreno da prática circulava-se facilmente através das barricadas que as opunham tão encarniçadamente umas às outras. Dacosta, Cesariny, Costa Pinto, Vespeira, Azevedo, por exemplo, faziam-no  –  quer dizer, atravessavam sem preconceitos essas barricadas   –   nas duas direcções.       
        Artur Bual não pertencia a nenhum desses grupos. Quadros seus foram admitidos no I Salão de Arte Abstracta  que a Galeria de Março  abriu em Abril de 1954, mas a sua pintura não tinha ainda encontrado um rumo próprio: o Abstraccionismo, conquanto provável no seu horizonte, não constituía senão uma tendência.        
        Com efeito, o jovem Bual não havia assumido ainda, nesse já longínquo começo dos anos 50, qualquer filiação estética especialmente nominável, e quanto à sua posição em face da questão do momento – que era ser figurativo   ou  não  figurativo   –  não tinha opção, isto é, não rejeitava tanto como não se submetia à representação do real.  O que, na verdade,  a sua pintura desse tempo já tendia a representar (isso o ia levar, justamente, ao gestualismo) era o próprio acto (o gesto) de pintar.
        Entretanto, quadros seus iam sendo vistos nas principais “colectivas” da época, como as famosas
Exposições Gerais de Artes Plásticas  da Sociedade Nacional de Belas Artes., várias exposições da Galeria Pórtico, a histórica I Exposição de Artes Plásticas  da Fundação Calouste Gulbenkian, etc.. Até que em 1958 é exibido, no I Salão de Arte Moderna  da Sociedade Nacional de Belas Artes, o seu primeiro quadro gestual.
        Esse quadro evidenciou-se entre os melhores ali expostos, dos quais se distinguia pelo seu ineditismo ao panorama artístico português, onde “os grupos adstritos aos jovens pintores” ainda procuravam comprovar o Abstraccionismo pela “razão primogénita da espécie”, isto é, folheando (estou a citar Cesariny) álbuns de Klee, Kandinsky, etc., e, “em casos mais desesperados”, de Malevitch e Mondrian, todos já iluminados pela luz perpétua da história.  
        Numa crítica àquele Salão em que fora exposto a primeira pintura gestual de Artur Bual, J.-A. França salientava a “coragem de navegar no mar alto” que o jovem pintor  revelava com a sua nova  maneira e apontava ao mesmo tempo o que a distinguia (a essa maneira) no conjunto do Salão , a saber: “um expressionismo cuja potência cenográfica se encontra[va ] com a de uma corrente não figurativa de génese americana e pouca compreensão europeia”.
        Essa corrente americana era o expressionismo abstracto que tinha, por sua vez, génese europeia (em Hartung, Wols, Soulages, por exemplo), mas havia adquirido grande relevo na América com Tobey, Kline, Pollock, entre outros.
        Bual, se não fosse português, ou se o Chiado fosse um bairro de Paris, Londres ou Nova Iorque, seria citado nas Histórias de Arte junto destes artistas, e, apesar de muito mais novo, certamente não em último lugar…

EDUÍNO DE JESUS

Exposição Evocativa do 85 Aniversário do seu nascimento Municipal da Amadora: Galeria Municipal Artur Bual (3 de setembro a 16 de outubro 2011.

Fontes, pintura:
1. Pintura de Eduino de Jesus da capa de Os Silos do Silêncio:Poesia(1948-2004). Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2005.
2. http://asfolhasardem.files.wordpress.com/2009/05/natalia-correia-por-bual.jpg
3. http://images.arcadja.com/bual_artur-paisagem~300~10989_20100317_228_301.jpg

 

 

 

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