Se eu fosse pintora de tela
A óleo, guacho ou aguarela
Ou até mesmo a carvão
Meu auto-retrato pintaria
Com traços longos e finos traçaria
O que me vai no coração!
Se eu fosse ave solta
Por esses céus sem fim
Pardal ou até Gaivota,
Ou outra ave qualquer
Outro destino teria
E bem mais feliz seria
Do que ser uma mulher!
Se eu fosse espuma do mar
Onda que rebenta na areia
Concha, búzio ou Lua Cheia
Nestes meus versos a rimar
Outra história iria contar
Mais bonita, menos feia
Como conto de sereia!
Mas quem sou eu?
Eu sou apenas aquela…
Igual, a outras mais,
Uma “Florbela”, perdida
Entre os demais mortais!
Chica Ilhéu, in Os meus Poemas,
Angra do Heroísmo, ed. da autora, 1996.