24.02.2016
A Conferência de abertura do Encontro Correntes d’Escritas apresentou esta tarde de quarta-feira, no Cine-Teatro Garrett, a reflexão de José Tolentino Mendonça sobre “O Silêncio dos Livros”.
Perante uma plateia muito preenchida, como é habitual neste evento, o poeta, sacerdote e professor defendeu o silêncio e o refúgio da leitura como algo fundamental para recuperar o nosso lado mais humano, numa sociedade que vive vorazmente a hiperestimulação dos sentidos. Esta vivência acaba por nos tornar “analfabetos emocionais”, frisou o orador, citando Ingmar Bergman.
José Tolentino Mendonça acabou por confessar que um dos seus sonhos é “ver, um dia, o silêncio ser declarado Património Imaterial da Humanidade”, afinal, acrescentou, “o silêncio é uma forma de expressão extraordinária”.
Uma das linhas orientadoras da Conferência de José Tolentino Mendonça foi a análise de como a Humanidade se desenvolve no contacto com o mundo e o outro através dos seus cinco sentidos, sendo que, algumas sociedades privilegiam mais alguns dos sentidos relativamente a outros.
E esse itinerário de análise dá para concluir que chegamos a um estado de “excesso de estimulação sensorial”, em que nos falta “uma educação dos sentidos”. Assim, o silêncio dos livros torna-se importante para uma reeducação: “há um património humano que os livros guardam no seu silêncio, é uma nova educação dos sentidos, em que reaprendemos a arte de ser…”
A Conferência de Abertura foi apresentada por José Carlos Vasconcelos, que deu conta da biografia e da obra de uma das vozes mais originais do Portugal contemporâneo.
José Tolentino Mendonça é especialista em Estudos Bíblicos e tem abordado com rigor e criatividade os temas e os textos do cânone cristão, mantendo um diálogo sensível com as interrogações do presente.
Passou o ano académico 2011-12, como Strauss Fellow, na New York University, integrando uma equipa de investigadores do tema “Religião e Espaço Público”. É Vice-Reitor da Universidade Católica Portuguesa, Consultor do Pontifício Conselho para a Cultura, no Vaticano. Dirige o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura e a revista Didaskalia. Assina uma colaboração semanal no jornal “Expresso”.
Além de ensaísta, tem uma obra poética que muitos reconhecem entre as mais marcantes do panorama atual.
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Fátima Serra_GRP – CM Póvoa de Varzim