Testemunho
“Tudo tem o seu tempo” como aprendemos no livro dos Eclesiastes:
Para tudo há um momento
e um tempo para cada coisa
que se deseja debaixo do céu
tempo para nascer e tempo para
morrer
tempo para plantar e tempo para
arrancar o que se plantou,
tempo para matar e tempo para
curar,
tempo para destruir e tempo para
edificar,
tempo para chorar e tempo
para rir,
tempo para se lamentar e tempo
para dançar,
tempo para atirar pedras e tempo para
as juntar,
tempo para abraçar e tempo para
evitar o abraço,
tempo para procurar e tempo para
perder
tempo para guardar e tempo para
atirar fora,
tempo para rasgar e tempo para
coser,
tempo para calar e tempo para
falar,
tempo para amar e tempo para odiar,
tempo para a guerra e tempo para a paz.
O Vítor percorreu o seu tempo e nada foi alheio à sua experiência de vida.
Nasceu no último dia do mês das vindimas, quando as uvas maduras se transformam em néctar precioso, que, também simboliza a transubstanciação do sangue de Cristo.
Morreu na estação do ano em que periodicamente comemoramos o nascimento do Menino que veio oferecer ao mundo o renascimento na Fé e no Amor.
Plantou sementes de vida, biológica e social, e desejou arrancar as ervinhas daninhas que aqui e acolá vão despontando.
Ansiou por destruir sinais da menoridade humana, e edificar um mundo mais igualitário e justo.
Usufruiu à saciedade o tempo de lágrimas e de risos, também, o dos lamentos e folguedos, na diversidade das vivências entretecendo a sua identidade.
Lançou pedras e juntou-as na construção dos seus sonhos.
Abraçou enternecidamente a vida sem nunca comprometer a liberdade das suas escolhas.
Encetou a sua demanda, celebrando ganhos e aceitando perdas.
Guardou ciosamente as dádivas recebidas sem sucumbir ao seu peso.
Rasgou caminhos, procurando coser-s ao mais íntimo de si mesmo.
Calou as suas mágoas, nunca se abstendo, contudo, de pugnar pelas suas ideias.
Amou com (com)paixão e, se conheceu o sentimento do ódio jamais o cultivou.
Praticou a arte da guerra, sem nunca perder o ideal da Paz.
TUDO TEM O SEU TEMPO
Chegou o momento do Vítor caminhar da periferia, onde habitamos nas nossas fragilidades e sonhos, para o centro onde se desvenda a plenitude.
Como testemunho de uma vida partilhada por quase meio século, desejo ardentemente que, na sua demanda do centro seja dado ao Vítor apaziguar a inquietude que o preparou para percorrer, ora em alegria ora em dor, o caminho da plenitude redentora.
Maria Teresa Gomes Ferreira de Almeida Alves