Álamo Oliveira
Meu escritor, meu amigo, companheiro de tantas iniciativas e de tantas inquietações, editor de uma utopia por ti chamada “AndarILHAgem”.
Ler-te foi, ainda antes de te conhecer, mergulhar em mim. Muitas vezes sentia, como escreveu Raul de Carvalho referindo-se a Álvaro de Campos que tudo aquilo era demasiado meu para ser [teu]. Eu sabia que igual a ti só tu; no entanto, tu escrevias exactamente o que me estremecia cá dentro.
Contigo aprendi a universalizar os entrelaçamentos das migrações, esbater as diferenças dos viajantes do Mundo, a valorizar os bens mais humildes de todas as (con)vivências.
Da tua janela quero ver as águas e as terras, casá-las em paz e invocar as bênçãos dos Deuses.
Ana Cristina Ribeiro
Amiga dedicada, lutadora e tenaz, consciente da missão e dos seus escolhos, da nobreza do desígnio de unir as nossas nove ilhas a todas as ilhas das comunidades, fazendo desta nova geografia humana uma expansão potenciadora de atractividade.
Ajudaste-me a criar uma estrutura para servir, e conservaste a pureza da fé nos ideais que nos norteavam.
A tua chama continua a arder, radiosa, sincera e espontânea como tu.
António Oliveira
Companheiro de tantos projectos, amigo de muitos ideais partilhados, jornalista de sonhos, construtor de solidariedades, professor convicto e homem firme.
Erguemos algumas vezes, em sintonia, a bandeira da Língua Portuguesa, nem sempre com sucesso mas sempre com o objectivo de melhor servir a causa das Comunidades e do seu vínculo a Portugal.
Não ficarás um pouco órfão, não. Porque também tu transportas a diferença que concorre para um mar novo.
Avelina da Silveira
Minha amiga em cujo colo repousei a agonia de tantas jornadas solitárias…
Mergulhar nos teus olhos de mel foi apaixonar-me pela tua coragem, pela tua irreverência, pela tua poesia, pela tua pintura, pela tua autenticidade, pela tua beleza.
Fosse eu artista e dar-me-ia o privilégio de te oferecer a minha obra mais genuína. Não sendo, entrego-me à honra de tecer na minha alma o mais macio dos recantos para te receber, numa constelação de risos, sempre que os compassos da tua dança te tragam a mim.
Célia Cármen Cordeiro
O sonho de Martin Luther King juntou-nos, tu a irromperes do ventre da criação, eu a sepultar-me no abismo do desespero. A minha mãe oscilava entre a vida já irreparavelmente amputada e o delírio premonitório da morte.
Planeámos um trajecto que não cheguei a cumprir, algemada no sofrimento inumano da minha progenitora.
Perdoaste a minha ausência quando tudo na minha vida parecia perda. O teu entusiasmo juvenil acalentou-me um fio de esperança. E eu só hoje te agradeço.
Diniz Borges
Irmão nas utopias, companheiro construtor no diálogo comunitário, colaborador indefectível.
Ainda o barco permanecia no cais e já eu chorava o eco de todas as saudades. Ainda o mar era um convite abrigado no estanho do luar e já eu lutava, ao vosso lado, no mar alto do Canal Açores-Comunidades, para que os frutos prodigiosos da vossa/nossa sementeira germinassem à vista da terra.
Da terra e do mar só acolhi benquerenças.
Graças às Comunidades, meu amigo, hoje sou mais eu.
Eduardo Bettencourt Pinto
Meu querido Eduardo, dos olhos onde cintilam lampejos da tua África incendiada, mormaços e neblinas dos Açores, transparências do Pacífico no Canadá…
Ninguém como tu alumia as palavras e a ternura, na serena inquietude com que te dás ao mundo.
Ler-te é prender fugazmente o encanto misterioso do verbo, é penetrar na sedução dos sentidos, é descobrir segredos ao sabor dos ritmos irresistíveis da intimidade.
A tua voz, essa sim, é um cântico florido.
Eduíno de Jesus
Sábio Mestre, a tua frondosa e elevada cultura reconhecerá que l’image n’est pas dans l’object, mais dans les yeux. A cena de onde saí só continuará viva aos teus olhos magnânimos.
Aceito a tua Verdade com a mesma insondável melancolia com que tatuaste o meu coração na imerecida e comovente homenagem da Casa dos Açores em Lisboa.
Um dia escrevi que não cabias em palavras, pelo que ousar escrever sobre ti seria um exercício de masoquismo e frustração. Mantenho.
Eduíno, desse teu incomensurável mundo patrimonial, apenas a alguns é concedida a honra da sua fruição. Eu sou uma humilde e grata favorecida.
Fátima Vargas
Aliada infalível, tu e eu significámos uma equipa.
Devemos-te – eu, a direcção regional, os Açores e as Comunidades – muito do esforço frutificado ao longo de oito anos.
A tua personalidade balsâmica, Fátima, atenuou rugosidades funcionais e abrandou convívios e aridezes.
Juntas construímos sem horas, sem desistências e sem sacrifícios – porque amávamos o nosso trabalho – estrutura, projectos, sonhos, respostas. Partilhámos dificuldades só de nós conhecidas e sempre, sempre, soubeste ser solidária e amiga.
Francisco Cota Fagundes
Conhecer o teu percurso de vida, em tempos perturbados de valores vacilantes e de acentuadas clivagens, foi uma oportunidade de crescer e ficar mais pequenina quando perto de ti, enquanto escritor de águas profundas e enquanto ser humano de rara sensibilidade.
Os contributos que deste aos Congressos e projectos em que nos cruzámos foram sempre uma revelação inspiradora do teu porte académico.
Quando te ouço, entendo o que é ser mais rico por ter emigrado.
João-Luís de Medeiros
A tua firme atitude política, a densidade da tua cultura, a aristocracia da tua escrita, a coragem inabalável de te seres fiel, o teu “distanciamento voluntário”, intimidaram-me, numa primeira fase.
A minha afeição, porém, falou mais alto. Expus-me à escrita de uma carta sentida e pouco formal, igual a mim. Respondeste-me numa carta tão elegante! Igual a ti. Entendemo-nos nesse compromisso implícito de respeito e – pela minha parte – de profunda reverência e estima ímpar.
João Luís Pacheco
Amigo seguro e confiável, homem de índole e de palavra, Morgado de nome e de feitio, sempre dispões a tua lealdade e o teu comprometimento com um sorriso positivo e uma maravilhada estupefacção perante a bondade da vida e a criatividade dos seres.
A tua tenacidade empreendedora apoiada no teu apego à terra natal desagua num porto de abrigo para os andarilhos das migrações que tão frequentemente te batem à porta.
Não dizes não quando podes dizer sim. Somos ditosos pela tua recepção cordial e por essa fraternidade de juntar todos à mesma mesa.
Jorge Coelho
Jorge, meu cantor da Paixão Açoriana, meu poeta de Os Olhos de Avelina, meu descobridor de Triste Olhar e meu ilhéu de Absurdo Amor …
Gaivota encantada eu fosse e distribuiria ao mundo inteiro a emotividade das tuas canções envoltas no teu sorriso cálido.
Contigo aprendi uma assombrosa lição de vida: existem homens para quem a coragem e o respeito próprio não têm preço.
Eis um bem que ficará para sempre comigo.
José Francisco Costa
Poeta e músico que rasgou trilhos para lançar versos e notas na Ilha e na América.
Um dos muitos projectos iniciados que não cheguei a realizar envolvia-nos numa toada de poesia e de música em Cabo Verde. Outro, teu, cujo apoio não chegou à colheita dizia respeito ao LusoCentro. Atrás de mim virá quem regue a terra adubada…
O teu meritório trabalho a favor da nossa língua e da nossa cultura tem ainda muitas madrugadas a nascer. Cá estarei para ler-te, ouvir-te, e dar uma asinha ao sonho.
José Rebelo
Conversar com o José Rebelo é franquear o portão dos ideais e do humor – um acasalamento complexo gerido com fluência e habilidade.
Bom contador de estórias e de história, um dia esculpiu uma, em cinzelagem breve e como que descuidada, ao sabor da conversa, com um engenho notável de artista e avantajado de coração. Uma surpresa bem-vinda. Descoberto o ser humano que habitava no Presidente da Casa dos Açores do Norte, ficámos amigos.
Judite Toste Evangelho
Acção transformadora a sua na Casa dos Açores do Rio de Janeiro. Impelida pela sua visão de futuro, investiu no resgate e no resguardo das memórias da comunidade açoriana emigrada na belíssima cidade carioca.
Abnegadamente diligente Judite Evangelho valida o seu tempo com a tranquilidade de quem não conta com o retorno nem se preocupa com a retribuição dos seus serviços. As suas metas são o bem-fazer e o fazer bem. O seu limite, o milagre.
É com pessoas desta fibra que os Açores se constroem por esse mundo fora.
Julieta Maria Ferreira Cabral
Julieta! A primeira professora que me agasalhou nas lutas de género com uns colegas bravios, em plena metamorfose hormonal da adolescência. Ia eu nos meus dez anos…
Era – é! – uma mulher bela, jovem, interessante, ousada, competente. Deslumbrava-me o seu modo de ser deusa e estar no centro do mundo.
Ficava a pensar que gostaria de crescer com um albergue cativo no seu coração. Afinal, e ao fim de tantos anos, percebi que estava lá, bem amparada. Por isso a minha professora ainda me vê com um sorriso de menina pintado no rosto…
Lopes de Araújo
Conhecer-te foi um prémio de diferentes vidas!
Do jornalismo às comunidades, sob a tua direcção aprendi o melhor do que sei sobre televisão e sobre a integridade humana.
A ti e ao nosso comum amigo Osvaldo Cabral devo oportunidades e votos de confiança jamais remetidos ao passado.
Amigo verdadeiro e insubstituível, és ainda hoje uma fonte onde recolho energia e um oráculo orientador quando os muitos cruzamentos dificultam a escolha do caminho.
Luíz António de Assis Brasil
Com Um Quarto de Légua em Quadra tive a percepção emocional do heroísmo dos nossos antepassados que rumaram ao sul do Brasil. Deu-ma o talento do então jovem escritor Assis Brasil, cujo percurso veio ampliar o merecido sucesso.
Mais tarde, ao Professor e amigo Luís António confiei um sonho que suspendi, na impossibilidade de o coligar com a abrangência e multiplicidade das tarefas comunitárias.
Fui feliz na minha opção, repeti-la-ia tantas vezes quantas as vidas futuras. Porém, existem outras rotas a chamar-me… e nelas nos encontraremos, sem perdas.
Marcelo Passamai
Primeiro aproximou-nos o jornalismo, depois a poesia, depois uma denominada construção de cultura, e finalmente, a certeza de que a amizade é um milagre a preservar.
Os teus olhos clarividentes perceberam o meu novo tempo, um novo horizonte, um novo Oceano, novas terras no meu coração. Eu te abençoo, Marcelo, por enxergares muito além da trivialidade e da lonjura.
É esse o fascínio dos poetas…
Maria das Dores Beirão
Hoje irmã no afecto e no entendimento da vida – tão grande que sentiste um doloroso alívio! -; antes amiga descoberta na curva de um projecto artístico.
O nosso encontro foi um encantamento ao primeiro olhar; a doçura e a força do caminhar da Maria revelaram-me uma janela aberta sobre um jardim onde a brisa corre fresca e repousante e onde os perfumes da alma alimentam as raízes do futuro.
A Maria é um monumento vivo à beleza da Mulher.
Onésimo Teotónio Almeida
A minha admiração e a minha amizade são unas e indivisíveis e abraçam o escritor, o académico e o homem.
Pedi-te vezes sem conta ao longo destes anos um curso de gestão do tempo. Porque a tua receita é a única infalível que conheço. És um voador inveterado, trabalhador crónico, geras livros e conferências a um ritmo vertiginoso, orientas doutoramentos, contas anedotas, respondes prontamente a todo o correio, telefonas a quem precisa da tua voz, espalhas solidariedade silenciosamente, ensinas de forma graciosa, tens saber que só não faz morrer de inveja os teus amigos porque são teus amigos. E ainda vais de férias com a Leonor!…
Continuarei por aí a seguir-te as conversas, a um tempo doutas e divertidas, e verás que não é caso para lamentar. Continuo a sorrir por dentro e por fora.
Semy Braga
De ti, amigo, guardo e acalento no quarto do meu repouso, uma mulher com um barco no peito.
De ti, amigo, guardo Esquinas de Luar que a tua alma expulsou com o vigor de quem conhece a ténue fronteira da vida.
De ti, amigo, guardo o acolhimento na tua casa, temperado com a amizade festiva do encontro.
De ti, amigo, guardo um colar de sementes miscigenadas, a que a origem africana do meu bisavô e a emigração brasileira da minha bisavó deram uma fragrância de essência.
Com estas e outras razões atapetaste de veludo o meu coração.
Vamberto Freitas
O nosso conhecimento nem sempre foi pacífico. As nossas zangas foram sempre sinceras. Num dia de desalojar ressentimentos, desfizemos equívocos e fizemos as pazes.
Com verdade, posso conjugar em todos os tempos os verbos reconhecer e respeitar a sua voz desassombrada, apreciar e considerar o cidadão da Nação Peregrina, o defensor de causas dignas, o académico de estatura literária.
Está de pé a promessa de um café à mesa da amizade – agora depurada. Não faltarei. Há que usufruir a oportunidade de uma conversa inteligente. E eu tenho muito que aprender.
Há atitudes que encerram com chave de ouro um ciclo, povoando para sempre a gratidão de quem parte.
Alzira Silva
Horta, 23 de Março de 2009