O escritor curitibano Dalton Trevisan, 86, é o vencedor da 24.ª edição do Prêmio Camões. O anúncio foi feito nesta segunda-feira,dia 21 de maio, em Lisboa, pelo secretário de Estado da Cultura de Portugal – o escritor Francisco José Viegas.
O crítico literário Silviano Santiago, presidente do júri e colunista do “Sabático” comunicou que a escolha foi unânime. “Em primeiro lugar, pela contribuição dele à arte do conto. Em particular para o enriquecimento de uma tradição que vem de Machado de Assis, no Brasil, de Edgar Allan Poe, nos EUA, e de Borges, na Argentina. Não há dúvida de que temos uma bela tradição do conto no Brasil. E ele conseguiu uma voz muito pessoal.”Para Santiago, o mérito de Trevisan vem da forma como ele trabalha a língua. “É um trabalho em prosa muito difícil, semelhante ao que se tem quando se faz um soneto, um poema curto. Mas no caso de Dalton, ele faz da dificuldade sua própria poética. A ponto de seus últimos contos serem praticamente poemas, haicais, tal a concisão, a secura, a necessidade de buscar o essencial” Seu estilo é realista,frontal, fulminate.
Os outros membros do júri foram o brasileiro Alcir Pécora, os portugueses Rosa Martelo e Abel Barros Batista, a angolana Ana Paula Tavares e o moçambicano João Paulo Borges.
O Prêmio Camões foi instituído em 1988 por Brasil e Portugal, é o principal reconhecimento da literatura em língua portuguesa.Dalton é o décimo escritor brasileiro a receber relevante premiação. Entre os brasileiros agraciados estão: João Cabral de Melo Neto(1990),Rachel de Queiroz (romancista),1993 – Jorge Amado (romancista),Antonio Candido (crítico literário e ensaísta ),Rubem Fonseca (romancista),Lygia Fagundes Telles (romancista),2008 – João Ubaldo Ribeiro (romancista ),2010 – Ferreira Gullar (poeta).
Natural de Curitiba (Paraná),sul do Brasil, a 14 de junho de 1925, Dalton Jérson Trevisan é autor de “O Vampiro de Curitiba” (1965), uma das suas obras mais conhecidas. O escritor venceu quatro prêmios Jabuti por “Novelas Nada Exemplares”, em 1960, “Cemitérios dos Elefantes”, em 1965, “Ah, É?”, de 1995, e “Desgracida”, em 2011.
Entre outros títulos notáveis do escritor estão “Vozes do Retrato – Quinze Histórias de Mentiras e Verdades” (1998), “O Maníaco do Olho Verde” (2008), “Violetas e Pavões” (2009) e “O Anão e a Ninfeta” (2011).
Dalton Trevisan é um homem de quase 87 anos, que dedicou sua vida inteira a fazer literatura longe de tudo. Ele não aparece, não quer aparecer, não dá entrevistas. É um homem recluso talvez tanto quanto Rubem Fonseca.
Aliás, nunca foi dado a aparições públicas. Assim, não será surpresa para ninguém se ele não for receber o Prêmio Camões em Lisboa.
Fontes: Folha Ilustrada http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1093324
AE – Agência Estado http://www.estadao.com.br/22 de maio de 2012