Daniel Lucena, muitos amigos.
Captando toda a irreverência, a ironia e o talento de um dos maiores compositores catarinenses, Daniel Lucena, “CERTOS AMIGOS” é um filme obrigatório para quem gosta de um bom documentário. Tive o prazer de assisti-lo na terça=feira, dia 16/09, no Cinema do CIC, que por ironia do destino (pois o contrato com a empresa exibidora vencedora da última licitação acabou), teve que exibir os filmes catarinenses. Querendo ou não a Fundação Catarinense de Cultura acertou, pois tenho visto excelentes filmes catarinenses que eu mesmo sendo do ramo, não fosse essa oportunidade, não conheceria muitos deles. Fico imaginando os milhares de catarinenses que não tem acesso a sua própria produção, seu retrato, sua identidade, sua gente, seu músicos…. e a grande maioria das produções são realizadas com o apoio ou parte dos patrocínios feitos pela própria FCC.
Um investimento que deveria ser muito mais inteligentemente aproveitado. Então fica aqui o apelo à FCC: faça circular todo esse acervo de filmes catarinenses por todos os municípios e escolas públicas de Santa Catarina, o investimento financeiro é pequeno em relação ao que já foi investido no filme e o retorno certamente será exponencialmente multiplicador.
Voltando ao “Certos Amigos”, sentei na frente da tela do cinema (egoísta que sou, gosto de assistir o filme antes de todos), ao do meu filho Aníbal e de uma das 7 irmãs do Daniel, a maravilhosa cantora Louise Lucena, que no final do filme deu uma canja para os espectadores, já extasiados com as músicas do irmão Daniel. A irmã gêmea de Daniel faleceu anos atrás num acidente de carro na Ilha de SC. Daniel chorou e o público fez o mesmo.
Como no cinema prá mim, Daniel revela que as músicas dele não são de sua autoria, elas estão aí, no ar, num bar, numa conversa, ou seja, na observação. Ele ironiza, com sua elegância de mau, e diz que pega o caderninho e sem a pessoa perceber anota uma frase, uma palavra ou uma ideia. Prá mim, lembra uma letra dos Titãs: “as respostas estão no chão, você tropeça e acha a solução”.
E Daniel tropeça aqui, mas logo se levanta ou algum amigo o ajuda a lhe levantar. Como num show onde ele pulou tanto no palco que de repente desapareceu, abriu um buraco no assoalho e o cantor sumiu. Logo dois amigos o levantaram e Lucena continua o show como nada tivesse lhe acontecido. O público riu!
Na sua humildade carinhosa, Lucena rechaça a homenagem em vida. Mas como diz Nelson Cavaquinho, “ Me dê as flores em vida um sorriso a voz amiga para suportar meus ais”. Certamente Daniel Lucena provocará e receberá ainda muitos sorrisos, de sonrisal!
Bom, a novata equipe com os diretores Jhonatan Matos e Luiz Maffei, e os responsáveis pela fotografia e edição, o cineasta Gustavo Remor Moritz e a Lenka Aguiar Baranenko estão de parabéns pela obra maravilhosa.
Finalizando, não posso deixar de mencionar a reverência ao Lucena das turmas do Dazaranha, Iriê, Nós da Aldeia, o Júlio Cruz, o Neto Fagundes e muitos outros músicos. Daniel Lucena é o que é e como ele próprio diz: “Posso te dar o que eu sou, amigo é um cobertor”.
Zeca Nunes Pires, cineasta.
Confira os trailers oficiais do filme:
Trailer 1: http://youtu.be/VgtoZp9jV80
Trailer 2: http://youtu.be/oC4ZzlF7qvU
Certos amigos
Quando esse trem de alegria vara a vida da gente
Sempre que a estação mais perto é o nosso coração
Difícil se saber na hora o que a gente sente
Se certos amigos nos mostram que o mundo ainda é bom
Por saber,
Que tendo você do meu lado me sinto mais forte
Quero beijar o teu rosto e pegar tua mão
Se cada estrela no céu é um amigo na terra
A força do acaso do encontro é uma constelação
Lumiar,
De que planeta você é?
Eu faço o que você quiser em troca do teu amor
Posso te dar o que eu sou, amigo é um cobertor
Bordado de estrelas – de estrelas.
Constelação, nave louca
A vida é pouca e o que vale é se querer