Senhor Professor Eduíno de Jesus, distinto homenageado
Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Arrifes
Ilustres Oradores
Senhoras e Senhores
É para mim uma honra presidir a esta sessão solene.
Desde logo, porque hoje, em Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, celebramos a nossa identidade colectiva, a identidade de um povo que se revê na poesia e que sente orgulho dos seus poetas.
Mas também porque estamos a comemorar o dia da freguesia de Arrifes, atribuindo a um dos seus filhos mais ilustres, Eduíno de Jesus, uma das mais altas distinções honoríficas do nosso concelho: a medalha de ouro do município.
Distinção mais do que merecida pelo nosso homenageado pelo seu percurso literário notável que em muito honra os Açores e Ponta Delgada, em particular.
Uma homenagem que se reflecte no contributo que lega ao nosso património cultural, através da sua forma de ser, de estar e de ensinar.
Quando a Comissão Municipal de Toponímia sugeriu, com base numa proposta subscrita por Onésimo Teotónio de Almeida, homenagear Eduíno de Jesus, no âmbito das comemorações do seu 80º aniversário natalício e por ocasião do dia da freguesia que o viu nascer, associei-me de imediato à iniciativa.
A vida e a obra de Eduíno de Jesus estão inevitavelmente ligadas ao nosso concelho.
Homem de grandes desafios e de fortes convicções, o nosso homenageado é uma das mais marcantes personalidades culturais da história dos Arrifes.
Hoje, o seu nome ficou perpetuado na toponímia da sua freguesia natal. E em muitas páginas que nos dão a conhecer a história da cultura açoriana.
O seu cariz de envolvência, a sua perseverança, o seu dinamismo e a sua vontade de fazer viver os Açores no continente português, fazem de Eduíno de Jesus um embaixador do nosso arquipélago quer pelas suas raízes quer pelo contributo que deu, de forma inesgotável, na dinamização da Casa dos Açores, em Lisboa.
Com um percurso louvável entre a docência e a poesia, o nosso homenageado abraçou com a razão e com a paixão os desafios que a história do seu tempo lhe impôs através da literatura, uma das expressões mais antigas da identidade colectiva de cada povo.
Ponta Delgada, os Açores e o nosso país devem-lhe muito pelo talento, pela clarividência e pela lucidez com que enalteceu o ensino da língua portuguesa e com que marcou, a nível nacional, a cultura destas nove ilhas plantadas no meio do Atlântico.
Se a data que hoje comemoramos é uma ocasião para colher da história a inspiração e a confiança de que precisamos para enfrentar o futuro, a homenagem que hoje fazemos a Eduíno de Jesus é um momento ímpar para a valorização cultural do nosso concelho.
Estamos, pois, a dar um contributo para que a nossa cultura seja conhecida e os nossos protagonistas sejam valorizados.
Senhoras e Senhores
O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é um dos momentos mais apropriados para afirmar o que podemos e queremos fazer, com base naquilo que fizeram e nos legaram os que vieram antes de nós.
No mundo em que hoje vivemos, a riqueza dos lugares não depende unicamente dos seus recursos naturais e da sua capacidade produtiva. Existem outros factores, tanto ou mais importantes, como sejam a história, a cultura e a língua, que podem contribuir, e muito, para alargar os seus horizontes.
Aquilo a que hoje em dia se chama o “património imaterial” constitui não só um factor de coesão do povo açoriano, como também um factor estratégico decisivo nas relações entre o poder local e os seus concidadãos.
Para nós, a necessidade de viver a história, conceber a cultura e preservar a língua enquanto expressão do nosso povo, justifica-se pela forma de encarar a vida social como produto da actividade humana, nas suas componentes do saber e do conhecimento, dos ideais e das ideologias.
Permite, igualmente, radicar a cultura na produção da sociedade como objectivo estratégico do desenvolvimento social, entendido também como desenvolvimento múltiplo dos indivíduos.
No cerne do processo de desenvolvimento que defendemos para Ponta Delgada está, assim, uma cultura para o desenvolvimento, ou melhor, uma avultada representação cultural do desenvolvimento.
Um desenvolvimento que reconhece a cultura e os nossos protagonistas culturais e que, para nós, abre as portas do conhecimento a todos aqueles que desejam compreender melhor os Açores e os Açorianos que, nestas ilhas de futuro ou até mesmo fora delas, insistem em honrar a nossa história e o nosso passado.
E este é o reconhecido exemplo do nosso ilustre homenageado.
Professor Eduíno de Jesus,
Hoje tenho a honra de atribuir-lhe a medalha de ouro do município pelo seu percurso de afirmação identitária das nossas gentes.
Ponta Delgada orgulha-se de si, do seu coração de poeta e do seu papel na nossa História.
Permita-me que lhe entregue esta medalha citando a sua própria poesia:
“Eu sou homem de aldeia,
cheguei à cidade de botas amarelas.
Fazem lá ideia
do que os homens da cidade riram de mim e delas!
Pois, apesar disso, a cidade, conquistei-a!”
Berta Cabral
Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada