SEM PÔR NEM TIRAR
Na circunvalação
Obtusa
Dos dias
Um anjo de mar
Regularmente embriagado
De horizonte
Amassa
O nosso impulsivo
Madrugar
De gaivotas.
Obtusa
Dos dias
Um anjo de mar
Regularmente embriagado
De horizonte
Amassa
O nosso impulsivo
Madrugar
De gaivotas.
Um outono inteiro
De vento
─ Hiposcénio cantante
De amarguras ─
¬Esquadrinha-nos
A fronte alevantada
De ânimo cansado.
Somos os afluentes
Calcinados
O simbólico Verbo
Complexo e duro
De um oceano
Perturbado.
Tal e qual
Sem pôr nem tirar
Somos irremediavelmente
Assim.
Eduardo Ferraz da Rosa,
E o mar este silêncio,
Angra do Heroísmo, SREC, 1980.
E o mar este silêncio,
Angra do Heroísmo, SREC, 1980.
Eduardo Ferraz da Rosa (1954), professor, ensaísta, poeta, natural da Praia da Vitória, ilha Terceira, reside na freguesia de São Mateus da mesma ilha, tendo trabalhado nas cidades de Ponta Delgada e de Angra do Heroísmo.