Mia Couto é o nome literário de António Emílio Leite Couto, nascido na cidade da Beira (Moçambique) em 1955. Frequentou o curso de Medicina, acabando por formar-se em Biologia (1985), depois de passar pelo jornalismo.
Estreou-se em livro com os poemas de Raiz de Orvalho (1983), mas acabou por encontrar o seu caminho no conto, no romance e na crónica, tendo-se tornado um dos mais reconhecidos escritores de língua portuguesa. Traduzido em várias línguas e premiado por diversas vezes, a sua obra Terra Sonâmbula (1992) foi considerada um dos doze melhores livros africanos do século XX, por um júri especialmente criado para o efeito pela Feira Internacional do Zimbabwe. É sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras.
As cerca de duas dezenas de títulos de Mia Couto constituem uma espécie de cartografia social, humana de Moçambique colonial e pós-independente (aqui incluída a guerra civil), em que as vicissitudes do tempo e da história deixam a descoberto o conflito de culturas, entre a rural e a urbana, com a progressiva diluição daquela e o insulamento da cultura tradicional, a desumanidade e o absurdo da guerra, os novos universos físicos e mentais (sub)urbanos. Tudo isso num modo muitíssimo pessoal de relacionamento com a língua portuguesa, subvertendo-a, recriando-a e fazendo dela um instrumento dotado de forte capacidade expressiva.
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Crédito Imagem:Acervo do autor