Acabo de receber um telefonema da minha amiga Elisabeth Figueiredo Kastin confirmando se já tomara conhecimento da morte do nosso amigo Miguel de Figueiredo Côrte-Real.
Durante anos o Sr. Côrte-Real foi uma presença constante na Casa da Saudade, espaço que ele considerava como “a sala de estar da cultura portuguesa”, como chegou a referenciá-la. Pudemos contar com ele como amigo e, eu, sobretudo, pude contar com ele como o meu companheiro, como meu conselheiro e como meu braço direito nas andanças culturais da Casa da Saudade por ele apoiadas enquanto presidente do grupo “Amigos da Casa da Saudade”. Conheci o Sr. Côrte-Real em 1986 e desde o primeiro minuto fiquei a saber que ele era um AMIGO, não só da Casa da Saudade, mas também de todos os que, como ele se sentiam unidos por esse elo comum que é a língua e a cultura portuguesas, sejam elas transmitidas com sonoridades açorianas, madeirenses ou das mais diversas regiões de Portugal Continental.
Confesso que lido muito mal com estas perdas porque me tocam de uma forma muito particular e ultimamente insistem em acontecer com demasiada regularidade… A perda de um amigo é impossível de descrever… A minha mente viaja no tempo, fazendo-me reviver momentos mágicos de convívio com o nosso amigo. Ensaios de leituras de poemas, organização de encontros de autores imigrantes, preparação de exposições bibliográficas, etc. etc. Com nitidez relembro os seus gestos, a sua postura, as palavras eloquentes, as decisões firmes e até o tom de voz “de caldeirão do Pêro Botelho brotando de dentro como uma força da natureza que ele sempre foi” como recorda o nosso amigo comum Dr. Onésimo Almeida. Há pessoas que nos deixam felizes só pelo facto de nos termos cruzado com elas em momentos que se tornam memoráveis das nossas vidas. O Sr. Corte-Real é uma dessas pessoas! Esteja onde estiver, o nosso amigo estará sempre presente na memória de todos os que tiveram o privilégio de conviver com ele. A diáspora portuguesa/açoriana/mariense ficou mais pobre, muito mais pobre! Presto-lhe aqui homenagem e ao seu legado que reside na imortalidade das amizades partilhadas em vida.
Obrigada por me ter acolhido no seio da sua amizade!
http://www.youtube.com/watch?v=i5YkO1TY9xA&feature=related
Maria José
Maria José P. F. Carvalho (Ex-Directora da Biblioteca Casa da Saudade, New Bedford, MA-USA),
Figueira da Foz, Portugal