Poema seleccionado e declamado por Olegário Paz
Açorianidade – 68 [Eduíno de Jesus, “Estudo para um retrato de memória”. Beethoven, “Sonata” (M. João Pires)]
1.
No olhar,
a longinquidade de uma ilha
encoberta, inomi-
nada.
No andar,
o rumor de uma fuga
de madrugada,
pelas falésias.
No riso claro,
os cristais
de uma fonte.
E em fundo,
até ao horizonte,
mar.
(Ou nada).
2.
Onde?, como?,
há quanto
tempo? Por
que destino ou acaso?
Porquê naquele cais?,
naquela praia?, àquele pôr-
-de-sol?, naquele
fim de verão,
meu amor …?
(Nunca mais!)
Eduíno de Jesus (inédito)
Eduíno Moniz de Jesus (1928), professor, poeta, ensaísta, crítico literário, nasceu na ilha de S. Miguel, vive e trabalha em Lisboa.