"…e os homens azuis vieram de longe
trazendo nos ombros aurora e possessão
o chão concreto dia-a-dia ergueu-se
a sombra enrugou os muros
do aoto franziu as ruas
a Ilha entrou no mar
Ilha verde branco o corpo
Vento sul a face açoriana
Jurerê-mirim – Desterro
A Praça 15 serena."
Osmar Pisani, Breve Canto
In: As Raízes do Vento
Amo Florianópolis por seus encantos e contrastes
Uma capital cosmopolita, com praias lindas de águas calmas e cálidas, destino de milhares de visitantes ou de mar agitado, cavado, reduto de uma juventude bonita, "sarada", surfistas atraídos por suas ondas gigantescas, potentes e perfeitas, que convive com freguesias bucólicas onde o ritmo da vida segue o compasso das ondas do mar que buscam mansamente a carícia da areia da praia. Gente hospitaleira, com seu linguajar cantado e ligeiro, uma sutil ironia, um jeito todo seu de ser, de estar, de conviver, de partilhar sabedoria guardada nas entranhas do mar e salvaguardada na memória coletiva.
Cenários de ontem e de hoje. Onde o moderno convive com o antigo que fala de seu passado histórico. Símbolos de uma cidade faceira que nas manhãs de sábado festeja a vida no Mercado Público – um balaio de povo, de vida, de histórias, de memórias da nossa gente. Um lugar aonde todos vão. Os artistas, os descolados, os pedintes, os festeiros, os políticos, o homem, a mulher, o ilhéu, o que chegou, olhou, caiu de amores por Floripa e ficou, o que está só de passagem e não resistiu ao apelo sedutor do nosso Mercado. Cidade orgulhosa de sua memória histórica e cultural como a tradicional procissão do Senhor Jesus dos Passos ou o seu patrimônio histórico maior – a Ponte Hercílio Luz – mais que um monumento, uma relíquia, um fetiche a referendar a nossa identidade insular, alimentada por tradições seculares urdidas nas rocas do tempo, no arrostar das ondas riscadas de espumas, no canto das marés em noite de lua cheia, na terra áspera e salitrada, nas muitas estórias fantásticas fiadas ao lume das lamparinas.
Um território abençoado, uma janela aberta para o mar que nos envolve num grande abraço, que nos acaricia gostoso em seu regaço.
Hoje, mais do que nunca, eu te amo Florianopolis!
Lélia Pereira da Silva Nunes
23 de Março de 2008
Florianópolis – Ilha de Santa Catarina