Eugénio Lisboa: Esprit de Géométrie / Esprit de Finesse
Eugénio Lisboa é um intelectual da mais alta estirpe – ” vário, intrépido e fecundo” expressão colhida no ensaio de Ernesto Rodrigues sobre o autor, que deu título ao livro de homenagem que recentemente lhe foi dedicado por muitos dos seus amigos, organizado por Otília Martins e Onésimo Almeida (Opera Omnia, 2011). Assim o vemos nos volumes de Memórias – Acta est Fabula (I e III)- que publicou nesta mesma editora, respectivamente em 2012 e 2013, onde, como se de um romance se tratasse, acompanhamos a sua infânciaadolescência em Lourenço Marques, bem como a relação com as mais marcantes personalidades da vida cultural portuguesa como José Régio, Vitorino Nemésio , Jorge de Sena, David Mourão-Ferreira, entre muitos outros.
Focando-me no ensaísta, fácil é verificar que não é hoje possível estudar, sem passar pelos textos de Eugénio Lisboa , autores como Garrett, Camilo, Eça, Pessoa, Régio, Ferreira de Castro, João de Araújo Correia, Branquinho da Fonseca, Domingos Monteiro, Carlos Queirós, Adolfo Casais Monteiro, Vergílio Ferreira, Eugénio de Andrade, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, Júlio Conrado, entre os nacionais ou entre ao africanos José Craveirinha, Reinaldo Ferreira, Grabato Dias, Rio Knopfli, Glória de Sant’ Ana, Mário António, Luandino Vieira, Gouvêa Lemos, entre os brasileiros sobretudo Machado de Assis e entre os franceses Montherlant, Gide e Stendhal e tantos outros de língua inglesa ( e ficaríamos aqui muito tempo só para os nomear!) Leiam-se os vários volumes que dedicou ao estudo de Régio e Jorge de Sena, ao Segundo Modernismo em Portugal, à Poesia Portuguesa do Orpheu ao Neo-Realismo ou ainda as colectâneas Crónica dos Anos da Peste I e II, As Vinte e Cinco Notas do Texto, O Objecto Celebrado, Portugaliae Monumenta Frivola, ou os dois recentes volumes de Indícios de Oiro e veremos que não são apenas indícios, mas sim oiro de lei da mais fina crítica e ensaística.
Caso raríssimo nas nossas Letras, só encontrando paralelo em Jorge de Sena, ao conciliar duas grandes vocações – científica e humanística, Eugénio Lisboa revela o esprit de geométrie e o esprit de finesse, entendidos como espírito científico operando por deduções lógicas e a capacidade intuitiva, exercida na observação do real, de ambos deixando abundantes provas em tudo o que escreveu desde o ensaio à poesia. Pascal afirmou no incipit das Pensées que é raro os geómetras serem finos e mais raro ainda que os finos sejam geómetras. Eugénio com rigor e subtileza teoriza a síntese harmoniosa daquelas duas vertentes num texto intitulado «Revisitar as duas culturas» inserto em Portugaliae Monumenta Frivola , seguindo a lição de Snow: “ tão grave pode ser o cientista atómico que nunca teve tempo de ler ou meditar um romance de Dickens, como o professor de literatura inglesa (ou francesa, ou portuguesa) que nunca ouviu falar no segundo princípio da termodinâmica. Ao primeiro faltar-lhe-á alguma dimensão humana e cultural que pode eventualmente torná-lo anestesiado a zonas fundamentais da vida e da decisão profissional que intersectam fundamentalmente o viver e o sobreviver dos outros; ao segundo faltar-lhe-á, para sempre, uma compreensão de outras áreas do conhecimento humano, a qual compreensão (…) o tornariam menos apto a deixar-se passivamente arrastar para aventuras cuja vocação é o apocalipse.”
Eugénio Lisboa, enquanto cidadão, revela a coragem dos que não se demitem. Ele é o vivo exemplo de Honestum conforme Cícero o teorizou na comparação entre Thorius Balbus e Marcus Regulus colocando o cumprimento do dever acima das conveniências, arriscando a liberdade, arriscando a própria vida. Leia-se, neste livro de homenagem o depoimento do jurista Carlos Adrião Rodrigues publicado postumamente, e ficaremos elucidados sobre a actuação de Eugénio Lisboa nos tribunais moçambicanos em defesa dos direitos humanos . Nos tribunais portugueses vi-o eu mesma defendendo a justiça e a decência no caso de um plágio descarado feito a David Mourão-Ferreira. Porque a cultura, segundo a entende, tem de servir para nos tornar melhores:
Num texto daquele mesmo livro pergunta Eugénio: Para que serve a cultura? Que faz ela de nós, que não nos torna melhores? Que faz ela que não nos dá o gosto de um estilo, de uma estratégia de maneiras, que em nós não promove o sentido de uma rigorosa exigência?” E conclui: “Pudesse isto ficar como o emblema do que a verdadeira cultura, fecundando o que em nós há de melhor, deveria afinal produzir: um estilo, uma elegância, um panache, uma bondade, uma doçura de viver. Uma capacidade de desprezar tudo quanto não é essencial. Uma lealdade fundamental para com o nosso eu profundo. Um decidido voltar as costas aos jogos mundanos, aos códigos em voga e às «zonas de influência». E só esse.”
Estamos claramente no reino de uma ética que separa inequivocamente as águas das verdadeiras e das falsas riquezas. Apontando a ansiedade de um Robert Frost face aos prémios que não chegaram, corroborando Stendhal no desprezo perante as condecorações, o Autor inscreve-se numa zona de exigência moral estóica que assume os riscos de quem provoca deliberadamente a má consciência nos outros. Abençoado seja o Autor pela sua coragem. Para isto serve também a sua cultura e o seu desassombro que se vêem reiterados no segundo texto dirigido contra os críticos polissémicos que , “são atraídos pelo livro «fascinante» como as moscas são atraídas por aquilo que as atrai.”
O discurso crítico eugeniano, como apontou Aníbal Pinto de Castro, é marcado pelo desassombro, aliado a uma indiscutível vocação pedagógica, mas não professoral, que sobremaneira o humaniza, tornando-se uma das melhores estratégias de sedução do ensaísta. E cito as suas palavras bem reveladoras do altíssimo conceito em que tinha o autor de Crónica dos Anos da Peste:
“(…) o discurso crítico de Eugénio Lisboa, pelo sólido suporte cultural dos seus juízos, pela fundamentação que os autoriza, pela sua convicção, pela sua honestidade e pela simplicidade do seu enunciado, reúne com grande segurança e longo alcance pedagógico, particularmente relevante num país onde tudo quanto é sério se não lê ou se não ouve, a finura de um Moniz Barreto à argúcia humanística de que Montaigne dera o primeiro grande exemplo nas páginas dos «Essais»”.
Se Vladimir Nabokov e Eugénio Lisboa tivessem podido conhecer-se estou em crer que muito teriam para conversar, pois o retrato ideal de leitor, tal como Nabokov o traçou, poderia ter tido por modelo o autor d’ O Objecto Celebrado:
“O melhor que um leitor possa ter ou cultivar é uma compósita mistura de temperamento artístico e de temperamento científico. O artista, só por si, tem tendência, no seu entusiasmo, a ser demasiado subjectivo na sua atitude em relação ao livro, e uma certa reserva científica virá então temperar, muito a propósito, o ímpeto da intuição. Se, todavia, alguém quiser lançar-se na leitura, sendo totalmente desprovido tanto de paixão como de paciência – a paixão do artista, a paciência do cientista -, esse alguém dificilmente poderá apreciar a grande literatura”.
É justamente esta mistura compósita de temperamento artístico e científico que faz de Eugénio crítico, ensaísta ou poeta a mais viva imagem da sensibilidade inteligente. Ele conquista a adesão do leitor através da riqueza e originalidade do seu pensamento, matéria intensa de inteligência, servida por uma linguagem sur le vif que, às vezes, se trava de razões com o autor criticado, podendo variar o tom desde a bonomia dialogante até à verdadeira estocada irónica, quando o contendor fez por merecer e não percebe de outra forma. Mestre admirável na arte da citação, esta surge sempre no momento oportuno, ora como forma de homenagem intertextual reforçativa de um ponto de vista, ora servindo suculentamente uma argumentação subtilmente irónica.
A coloquialidade do seu discurso ensaístico , torna-se marca distintiva do texto, chegando por vezes a ouvir-se nitidamente a voz quase “física” do autor. Como todos os que se atrevem, Eugénio Lisboa sabe que, quando a prudência está em todo o lado, a coragem não está em parte nenhuma e é esse o momento em que Eugénio vai prestar o que, não sem ironia, designa como homenagem da divergência.
Partindo do princípio de que não é possível a duas pessoas que não desistem de pensar estarem sistematicamente de acordo, Eugénio teoriza e pratica o respeito ideológico pela diferença, considerando-a como a melhor forma de homenagem que se pode render ao pensamento alheio. A nossa praça literária não está muito habituada a estas formas de homenagem e é por isso que, vozes como a de Eugénio Lisboa, constituem a própria Liberdade por antonomásia. Lemos em O Objecto Celebrado:
Toda a divergência (…)deve ser acarinhada, porque muito simplesmente alarga fronteiras da vida. Unamo-nos, dizia, por tudo quanto nos divide” (p.193-4).
Sentimos nestas palavras uma sagesse que aproxima quem as profere da família de um Cleantes, de um Crisipo, de um Marco Aurélio, citado na epígrafe de abertura deste livro: “Tudo passa num dia, o panegírico e o objecto celebrado”. O espírito de divergência sendo aquilo que distingue, será também o que celebriza pela via do desassombro que permite contestar o outro e pela via da humildade e da modéstia que obriga, reciprocamente, a aceitar a contestação do Outro. O discurso crítico escrito sob o signo de todas as certezas pouco terá a ver com o ensaio como acção de pensar e como pensamento em acção, conforme o praticaram Plutarco, Marco Aurélio ou Montaigne. Vem de muito longe a admiração do autor do Objecto Celebrado pelos mestres do ensaísmo. Plutarco é, aliás, o primeiro duma lista de leituras de Eugénio enquanto jovem que nos é fornecida na belíssima crónica intitulada “Antigamente um Quarto” verdadeira poética do espaço e da memória, guia ao mundo iniciático da adolescência, onde a literatura se torna uma apaixonante experiência, feita de segredo e de silêncio, o “solo fértil” como escreveu Glória de Sant’Ana. Solo fértil para a sua própria poesia- A Matéria Intensa- que deu à luz em 1985 sendo coetânea de bom número de ensaios do Objecto Celebrado. A Matéria Intensa é, pois, irmã deste Objecto, filha do mesmo Sujeito, isto é, da mesma voz que em modos diferentes nos revela o Mundo.
A lucidez, a argúcia, o desassombro e o escrúpulo são algumas das qualidades de Eugénio Lisboa enquanto crítico e ensaísta, salientadas justamente por David Mourão-Ferreira na recensão que dedicou à primeira edição de
A Matéria Intensa[1] e onde apontou a
natureza celebrativa daquele primeiro livro de poesia no qual surgem glorificadas algumas figuras da história romana (Pompeu, Catão, Petrónio, Marco Aurélio), uma, também, da história nacional (Henrique de Sagres), outra da mitologia grega (Atena) vários poetas e artistas (Camões, Pessoa, Sena, Picasso, Reinaldo Ferreira), mas também vultos anónimos e até cidades tomadas nomeadamente como metaforização da condição humana.
A poética do espaço e da memória que o ensaísta põe em relevo na poesia de Glória de Sant’Ana ou de Mário António é também subtilmente revelada no seu poema em prosa «Recurso aos Lagos» . Talvez não passem de simples desejos de espíritos organizadores as comportas de género erguidas por Brunetière e seus descendentes já que os artistas costumam divertir-se a voar por cima delas para continuarem a dar trabalho aos teóricos dos Estudos Literários.
Independentemente do modo, a transposição do sujeito para o objecto – celebrado, invectivado ou simplesmente contemplado – é idêntica, o recurso aos lagos não é mais do que o recurso à palavra, ao gosto das palavras transformado em matéria intensa: «os lagos são belos mas indiferentes. Suspeito mesmo que nos fitam sem nos verem. Por fim, penso que sou injusto: o mal não está neles, está em mim. Se só a minha ferida fica imune ao bem que os lagos a tudo fazem, é porque eu a preservo. Lemos mais adiante: Se o meu mal há-de ser a minha morte ele é também aquilo que me enobrece. Por isso o cultivo fingindo que o trato. Do fracasso da cura, acuso os lagos. Que estão, é claro, inocentes.»
Poesia feita de lucidez e autognose em palavras bebidas nos lagos “como quem se cura”, poção mágica de palavras feita .
José Régio é uma das saudáveis obsessões eugenianas que não tem cura. É verdadeiramente surpreendente que, por mais que Eugénio escreva sobre Régio, nenhum deles se esgota. Relativamente ao Príncipe com Orelhas de Burro, e a esta leitura que dele faz Eugénio Lisboa, recordo-me de ter ouvido dizer a David Mourão-Ferreira que ela “é a mais fina das leituras desta obra de Régio”. Trata-se, com efeito, de uma súmula filosófica sobre o sofrimento como via de acesso – ad augusta per angusta – ao conhecimento, à perfeição inconciliável com a vida que é o seu preço. Círculo em devir, simultaneamente vicioso e salvífico que atinge a perfeição na morte. Como diz Eugénio: “Romance da vida. Da vida que devém morte que devém vida”. Será ainda a morte salvífica, “concentração de virtude”, que está reservada aos mortos, no poema que abre A Matéria Intensa:
“Os mortos mais do que os vivos, estão vivos. / Surgem, fortes, intensos, aparecem / depurados e cheios de motivos.Visitam-nos e acham que merecem / todo o rigor da nossa atenção. / A morte deu-lhes, pensam, nova vida; / vê-se neles uma concentração / de virtudes – de vida reflectida. / Os mortos ensinam-nos a viver / dão um valor novo ao que nos rodeia, / dão ao quotidiano acontecer / um brilho vivo que nos incendeia. / Os mortos acendem, em nós, a chama / de uma nova vida. Julgo que pedem / que olhemos fundo a luz que se derrama. / Exigem. Clamam. Os mortos não cedem.”
Naturalmente porque são a perfeição que nós lhes emprestamos ao pensá-los. Os mortos vivem dos vivos, como os textos vivem dos críticos como Eugénio Lisboa, que ressuscita o príncipe Leonel, em cada uma das suas palavras, transformando-as em matéria intensa da poesia que também se faz em prosa. Outra obsessão de férteis consequências é Fernando Pessoa. Repare-se nomeadamente nas três leituras insertas em O Objecto Celebrado: na primeira, intitulada “Uma tranquilidade violenta – Fernando Pessoa e a rotura modernista,” escrita aquando do cinquentenário da morte do poeta, Eugénio chama a atenção, desde o primeiro parágrafo, para a sua intenção de examinar criticamente “alguns confortos estabelecidos”: O ensaio começa por clarificar o conceito de leitura e cita desde logo Pessoa: “A mór parte da gente não sabe ler e chama (ler) a adaptar a si o que o autor escreve, quando para o homem culto, compreender o que se lê é, ao contrário, adaptar-se ao que o autor escreveu”. Subtil diferença, com enormes consequências. Eugénio, em vez de adaptar a si Fernando Pessoa, vai adaptar-se a ele, isto é, tentar perceber a sua zona de penumbra, dizendo desde logo para que não restem dúvidas: «como todo o grande espírito, Fernando Pessoa contradisse-se prodigiosamente». Vai Eugénio demonstrar, como um homem de ciência que é, através de um levantamento de excertos muito completo, que não tem razão de ser o lugar-comum que faz de Pessoa um campeão de uma suposta rotura modernista, procurando mostrar que Pessoa se sentia «herdeiro» e «descendente» de uma herança que renovou e acrescentou, e não pioneiro espantado e deslumbrado de um caminho totalmente desligado dos caminhos que o precederam. Também em Matéria Intensa encontramos em diversos poemas um frequente diálogo com a figura de Pessoa, uma figura humanizada na própria grandeza que não foge às vicissitudes da humana condição. Num desses poemas que ostenta o seu nome no título ele é apresentado como “Poeta do silêncio e da elipse / assexuado bicho astral / mistério intangível do eclipse / filho da neve que faz mal / anarquista sorrindo em itálico / abúlico gigante encalhado / artesão do verbo metálico / arquitecto do inacabado (…)” Terminando desta forma bem significativa, a qual joga com a ambiguidade da forma verbal “saturo” que marca o fascínio, mas não uma beata devoção: “teus versos leio e me saturo /de seu claro e mortal mistério.”
Esta relação Eugénio / Pessoa é realmente das mais curiosas e encontrará o seu cume no terceiro texto inserto neste Objecto que se intitula “Um Estrangeiro na Terra”. Trata-se de uma verdadeira obra-prima da arte de recriar uma obra dando-lhe corpo, voz e fabricando em corpo e alma, se posso dizê-lo, um ente compósito feito dos mil pedaços do que, com humor, Eugénio costuma designar a “paróquia heterónima”. Este texto, repassado de finíssima ironia, constitui-se como imaginário monólogo interior de um ser trágico, grandioso, afirmando os seus limites, desmistificando o mito em que se tornou, sofrendo a dor de a não sofrer, ou de não ousar sofrê-la. Um ser de excepção, criado por um texto de excepção, construído com trechos de excepção. Um ente estrangeiro, no sentido camusiano do termo, que se confronta com o espanto de que é feito o seu estranhamento, na hora estranha em que estranha morrer o que não viveu, mas que vive e se eterniza sentindo-o quem o lê:
“Morto, vou finalmente ter uma espécie de vida. Vivo, fui uma espécie de morto. Ser é sempre o contrário de realmente ser. Os deuses riem-se, tirando-nos até o que parece que dão. Na vida, morremos, que é o que viver quer dizer. Na morte, vivemos de uma maneira de que só os outros se apercebem – a nossa morte definitiva é a nossa vida – para – uso – deles.”
Esta vida para uso alheio é ainda um duplo ilusionismo de quem diz o que imagina que os outros diriam. Ainda aqui “os ilusionistas do verbo vendem música e sedução por pensamentos”. No livro de poesia de Eugénio, que tenho vindo a citar em paralelo, figura um poema intitulado «Marco Aurélio» o qual coloca o imperador estóico naquela mesma situação limite do “fantasma pessoano”, todavia em substancial diferença, pois que a angústia deste último é naquele serenidade, “discreta melancolia” de quem sabe que tudo passa um dia, como se lê na epígrafe que abre O Objecto Celebrado. Mas o que poderá ser afinal objecto de celebração se tudo passa um dia? Talvez a consciência crítica dessa passagem possa ser celebrada através da palavra – objecto da Literatura.
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[1] Cf. 2ª edição revista e aumentada: Lisboa, Instituto Camões, 1999.
[2]Cit. por David Mourão-Ferreira como epígrafe a
Imagens da Poesia Europeia, Lisboa, Realizações Artis, 1972.
[3]Idem, p. 57