Fala de Camões a Carlos Nejar
Meu bom Nejar amigo, se eu soubesse
Que havia de ser sempre bem lembrado,
Menos chorara a vida e o meu fado,
Que é vivo quem a gente nunca esquece.
Mas quando o coração a dor padece,
Não pode nunca estar-se consolado
Pelo futuro só imaginado,
Que a grande dor só dói quando acontece.
Ah! bom Nejar!… E a minha Dinamene?…
Canta-a por mim. Que a minha dor serene
No teu cantar suave, doce e brando.
Já ninguém amo… já nada mais digo…
Mas com essas palavras, meu amigo,
Me vou da lei da morte libertando.