Falar da Livraria Solmar é falar de algo para mim profundamente familiar. Não tanto pelo número de vezes que a frequento, antes por um processo talvez pouco usual, mas particularmente privilegiado. Isto é: mais do que deslocar-me à livraria, é ela quem se desloca até a mim. Todos os dias, sem pedir licença, entra-me pela porta dentro. Senta-se à mesa connosco e connosco faz sala. Diz-me dos livros que chegaram, quem por lá passou, o que se disse, o que se imaginou, se inventou e se concretizou em mais uma iniciativa a partilhar por todos os que a visitam. Depois são os livros que se compraram, sempre envolvidos em inescapável sedução. Prazenteiros, procuram lugar nas nossas estantes. Tira-se um daqui, aconchega-se outro ali e cá está espaço para mais um.
Tudo isto num gesto infinitamente renovado, que nunca cansativo, pois a vida faz-se destes pequenos gestos, expressão do afecto e do culto da palavra.”
Adelaide Freitas, 26 de abril 1998 (in) Açoriano Oriental
Nota: Texto publicado com autorização do Blog da Livraria SomMar.