Sat. 17:15-18:45 PANEL / PAINEL
Jordan Hall 141 DIASPORA AND NARRATIVE CONSTRUCTION – DIÁSPORA E
CONSTRUÇÃO NARRATIVA
Chair / Moderadora: Ana Maria Lisboa de Mello, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
(José N. Ornelas, University of Massachusetts Amherst, USA)
“Diaspora as Site for Cultural Contestation?”
Even though Paul Gilroy has said that diaspora “is an ancient word”, the fact is that to use the term strictly to refer to displaced communities of people (i.e., the Portuguese or the Cape Verdeans of Southeastern Massachusetts) in today’s globalized and transnational world where all types of imagined world landscapes traverse national boundaries is to undercut how the very concept of diaspora has been marked, altered and expanded by the ideological, financial, political, technological and cultural flows of the new global economy. Recently, the idea that diaspora was grounded on a conceptual homeland, which tended to homogenize difference within diasporic communities, has undergone new epistemological and political reconfigurations that are rooted on a vision of diasporic subjects as marked by difference, heterogeneity and hybridity. According to Stuart Hall the diaspora experience “is defined, not by essence or purity, but by the recognition of a necessary heterogeneity and diversity; by a conception of identity which lives in and through, not despite, difference; by hybridity.”
Diasporic communities are produced by flows of people such as immigrants, tourists, exiles, refugees and guest workers who constitute our shifting cultural and ideological global landscape. The people involved in these transnational flows sustain an incessant flow of information, ideas, knowledge and images across the globe, which, in turn, increase cultural variability and the acknowledgement of otherness and hybridity. Diasporic people living in various communities in the world, including North America, must take into account not only their points of reference as determined by their language, their culture and their community, which is characterized often by heterogeneity and difference, but also other points on the map marked by the languages and cultural traditions of other diasporic groups. Thus, texts produced in Lusophone diasporas are grounded on a form of dialogism that challenges traditional diaspora theory with its focus on dominant forms of national identity or collective belonging (i.e., Portuguese, Cape Verdean, Brazilian) and articulates new diasporic subjects with hybrid national and transnational identities, subjects living in the in-between spaces, “severed from an essentialized, nativist identity that is affiliated with constructions of the nation or homeland.” Diasporic writing draws its inspiration in hybrid identities and the ever-expanding cultural boundaries. In reality, it is a style of writing that explores the very idea of writing as translation, transplanting and transculturation because the diasporic writer is positioned at the axis of contact zones, the social spaces where cultures meet and clash, in the words of Mary Louise Pratt.
—————-
(Ana Paula Ferreira, University of Minnesota, USA)
Em África selvagem: folclore dos negros do grupo bantú, livro com que Maria Archer concorre sem êxito ao Prémio Literatura Colonial em 1936, a Autora recorre à citação intertextual para autorizar a sua incursão na literatura colonial:
Menina e moça fui para a terra africana. No país do sol vivi anos dilatados, e nele aprendi a conhecer, e a estimar, entre os revezes da fortuna vária, a índole benigna que os negros ocultam sob camadas de barbárie. (237-38)
Em textos posteriores, a Autora, a única mulher a publicar seis dos setenta títulos que integram a coleção Cadernos Coloniais, publicados entre 1935 e 1941, faz eco da conhecida frase de abertura da novela pastoril de Bernardim Ribeiro para introduzir variações na descrição da sua vivência em colónias africanas durante períodos da sua infância e juventude. A presente comunicação parte da análise de quatro versões dessa narrativa, referida como “peregrinação”, “odisseia”, “aventura” ou simples “vida”, para sugerir como a representação do império responde em diferentes pontos da carreira de Maria Archer a posicionamentos discursivos de exílio no feminino e vis-à-vis a ordem política do Estado Novo. Que esse exílio não é apenas físico mas também e preeminentemente simbólico pode acaso ser contemplado na correlação crescentemente negativa entre visão ou utopia lusotropicalista e denúncia anti-salazarista. Esta oposição, aliás característica de boa parte dos escritores e intelectuais que se opõem ao regime, está na base de uma noção pós-colonial de comunidade de países de língua portuguesa, o que se constata nos livros “brasileiros” de Maria Archer, entre eles, a segunda edição de Terras onde se fala português (1962) e Brasil, fronteira da África (1963).
—————————
(Carlos Reis, University of Coimbra, Portugal)
A partir da noção fundacional de diáspora como dispersão e exílio coletivos, trata-se de refletir acerca das figurações literárias de movimentos que modelizam aquele fenómeno, não raro em aceções translatas. Tais figurações incorporam, no plano da representação literária (eventualmente ficcional), sentidos fundamentais: partida, viagem, fronteira, exílio, identidade, diferença, alteridade, autognose e idioma.
O motivo da diáspora, em contexto literário e em diferentes épocas, elabora-se de modos distintos. Por um lado, enquanto experiência pessoal do escritor que parte, muitas vezes em regime de exílio, experiência essa que frequentemente se projeta sobre os mundos ficcionais, sobre a sua conformação e sobre as personagens que os povoam; por outro lado, enquanto tema literário propriamente dito. Neste caso, a representação da diáspora completa-se com sentidos próprios: exílio, emigração, comunidade, saudade, distância, regresso. A personagem assume aqui uma importância capital, enquanto figura ficcional elaborada através de dispositivos retóricos próprios e em estreita articulação com categorias narrativas correlacionadas: tempo, ação, espaço, ponto de vista, etc.
As figurações literárias da diáspora são ilustradas, nas modalidades aqui consideradas, por escritores e por textos que incorporam atitudes e sentidos temáticos como os que acima ficaram mencionados: Camões e Garrett, Eça de Queirós e António Nobre, Ferreira de Castro e Teixeira Gomes, Maria Archer e Miguel Torga, Rodrigues Miguéis e Jorge de Sena, Cristóvão de Aguiar e João de Melo, etc.
—————————–
Sat. 19: 00 – 21:45
CLOSING DINNER (Johnson Room, Robertson Hall, Butler University)
-“For the Simple Pleasure of Reading” – Richard Simas
-Forum: Prospects for diaspora research and collaboration
CLOSING SESSION
_____________________________________________
Nota: Fotos da autoria de John J.Baker