Florianópolis, sua linda!
Nesta quarta-feira, 23 de março outonal, Florianópolis aniversaria. Quantos anos? Não se pergunta a idade de uma mulher… Florianópolis é mulher vaidosa, cheia de charme, a se alongar e abraçar o continente aí em frente em cenários onde se entrecruzam realidades e os sonhos rendados. A antiga Nossa Senhora de Desterro, a nossa Florianópolis, completa 343 anos. Seu marco inicial é o ano de 1673, quando Francisco Dias Velho lançou os fundamentos da póvoa em duas léguas de terras em quadra, na Ilha de Santa Catarina e onde, em 1678, erigiu uma capela em louvor a N.S.do Desterro. Finalmente, a cidade acerta o passo com a sua verdade histórica, apagando um hiato de 53 anos. Por outro lado, celebramos o aniversário de elevação à Vila e, como tal, se lhe ergueu o pelourinho e se estabeleceu o poder municipal – o Senado da Câmara. Assim sendo, continua valendo o aniversário de 290 anos de predicamento de Vila, do ato instituído a 23 de março de 1726. Não resta dúvida, são fatos históricos legítimos e reconhecidos. Portanto, parabéns Florianópolis!
Meu olhar vagueia enamorado por teu território de pura magia, enquanto o sol, de etérea luminosidade, se deita por trás dos morros da terra firme, deixando-te resplandecente de muitos tons de púrpura, fúcsia, rosa, numa mistura de intensidade cromática e saturação sem igual. Razão de sobra tinha o mestre Amaro Seixas Neto ao te proclamar terra dos casos e ocasos raros.
Cidade-Ilha-Mulher! Caminho por tuas ruas desvendando tua intimidade, indo ao encontro da nossa história cultural com medo doido de vê-la desaparecer no cirandar das gerações.
Florianópolis, sua linda! Fazes aniversário e brinda-nos com a tua boniteza telúrica no regaço do mar e no jeito de pertença do teu povo que carrega, na maneira de ser e de viver, a identidade cultural de Florianópolis, a sua mundividência, onde se assenta todo o imaginário ilhéu, a criação cultural, celebrativa, solar, única.
Afinal, dou por mim a murmurar Maura de Senna Pereira: “Meu corpo é o teu imenso corpo de ilha/e minha alma invade as tuas entranhas participando da tua febre criadora” .
Lélia Pereira Nunes,escritora.
Academia Catarinense de Letras