De forma surpreendente História de Nossa Senhora do Desterro (1713-2013) chega até nós como verdadeira dádiva, ou melhor, como um presente de aniversário do seu autor, Padre José Artulino Besen, oferecido ao povo catarinense nos 300 anos da Paróquia Nossa Senhora do Desterro.
O profundo e exaustivo estudo realizado pelo historiador, membro da Academia Catarinense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, constitui um relevante documento histórico e cultural sobre as mundivivências do clero e paroquianos da Ilha de Santa Catarina e do continente fronteiriço. Num estilo memorialista e sociológico, sem se descuidar do aspecto organizacional e da religiosidade, Padre José não se limita a citar nomes e fatos. Há uma preocupação em tecer a história que nasce do povo: índios, negros, migrantes, trabalhadores – gente humilde, espoliada do seu direito de viver com dignidade. Vai além e, com acurado olhar investigativo, traça um verdadeiro mapa da sociedade catarinense anterior ao tempo circunscrito entre 1713 – 2013. Sobretudo, constitui-se em grande contribuição ao conhecimento da memória coletiva, cultural e social da capital e dos municípios que compreendem a grande Florianópolis.
É preciso amar o objeto de seu estudo e Pe.José dá mostra do seu envolvimento afetivo com um tema que transpôs com maestria em uma narrativa rica na contextualização histórica, mas, de modo algum, pesada pela quantidade de informação oferecida no desenho panorâmico e no curioso passeio ao longo do tempo e da geografia da antiga Desterro à Florianópolis multicultural do século XXI.
Textos de grande densidade como História de Nossa Senhora do Desterro (1713-2013) constituem importantes ferramentas de estudos, de pesquisas para historiadores, sociólogos, religiosos e para todos que se interessam pela compreensão do passado histórico das nossas instituições, pelo conhecimento dos fenômenos sociais que perfilam a condição humana no mundo que nos cerca, e pelo respeito aos bens culturais e religiosos mantidos e reproduzidos no correr do tempo e escritos no ciclo das gerações.
Lélia Pereira da Silva Nunes,da
Academia Catarinense de Letras e
Sócia emérita do IHGSC