"Maria Beatriz Pinto de Sousa Amorim Rocha-Trindade" – a primeira mulher antropóloga portuguesa
1962 –Primeira mulher a se inscrever no Curso de Adminstração Ultramarina
1970 – Defesa pública da tese de doutoramento na Universidade René Descartes ( Paris V- Sorbonne)
1973 – 1974 – Colaboração no Centro de Antropologia Cultural/ Museu de Etnologia
1984- Produção da série televisiva “Festas”
1988- Produção da série televisiva “O sonho do emigrante”
1989 – Criação do CEMRI, UAb
Algumas memórias da primeira mulher antropóloga portuguesa
… realizei trabalho de campo no Algarve (Serra de Monchique e Serra de Loulé) e na Beira (Serra de Montemuro e Serra da Estrela). No interior do país, no distrito de Viseu, segui mesmo a transumância dos rebanhos desde Cavernães, passando por Mões, até chegar à vila de Castro Daire, onde uma das pernoitas se realizava. Ainda guardo na memória a visualização da chegada dos rebanhos e dos pastores; imagens que pelo deslumbre causado ficaram gravadas para sempre. Ligam-se entre si e traduzem muitos trechos do percurso: o caminhar por longos e difíceis trilhos, a ordenha e o cavar de covas onde era armazenado o leite que alimentava os cães, a sofreguidão com que era bebido, a figura dos pastores e os utensílios por eles transportados, que os acompanhavam ao longo de toda a vida nómada.
Ficar alojada nessa aldeia e ter transporte próprio – um clássico “carocha” que me levou por serras e vales nas “Terras do Demo” – facilitou muito as minhas deambulações e estadia no terreno. O espaço geográfico que constituía a sede da minha residência facilitava a deslocação local. Pude assim aceder a lugares distantes onde o interesse me fazia chegar – lembro Albergaria das Cabras e Vilharigues – e centrar-me também no espaço urbano de Viseu, que possibilitou realizar pesquisa de arquivo na Casa Amarela e no Governo Civil, dando também oportunidade para “observar” celebrações tradicionais. De entre elas recordo o justificado êxtase perante as “Cavalhadas”, desfile originário de Vildemoinhos, que desde o século XVII percorre anualmente as ruas da cidade no dia de São João. Ficaram as recordações e as imagens então colhidas foram guardadas.
NOTA: Excerto de uma entrevista de Marina Pignatelli a Maria Beatriz Rocha-Trindade
In http://etnografica.revues.org/3783
Fonte: News Letter – Memória,n°36, História das gentes que fazem a História. CEHA- Funchal,Madeira.
Sobre a Professora Maria Beatriz Rocha-Trindade:
"Bilhete de Identidade"
Grau académico: Doutoramento e
Agregação
Categoria profissional: Professora Catedrática – UAb, Investigadora
Sénior CEMRI/UAb, Aposentada
Instituição: Universidade Aberta
Grupo de investigação: Migrações e
Diversidades Culturais
Áreas de investigação: Transna-cion alismo e Diáspora; Migrações e Espaços Urbanos; Comunidades, Memórias e identidades; Migrações e Género
GRAUS ACADÉMICOS
• Diploma de Administração Ultram a-rina (ISCSPU/Universidade Técnica de Lisboa, classificação de 15 valores).
• Licenciatura em Ciências Antropo-ló gicas e Etnológicas (ISCSPU/
Uni versidade Técnica de Lisboa, classificação de 17 valores).
• Doctorat en Sociologie pela Faculté des Lettres et Sciences Humaines de Paris/Sorbonne, com a menção “très honorable”. A este grau foi reconhecida equivalência ao grau de Doutor pelas Universidades Por-tuguesas, por Despacho de 29-11-1976, do Director-Geral do Ensino Superior.
• Agregação em Sociologia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
LIvROS
• (2012), Rocha-Trindade, Maria Beatriz; Quaresma, Eugénia T. J. Costa, “A Igreja Face ao Fenómeno
Migratório”, [S.l.]: O Planeta da Escrita, 203 p.;
• (2006), Rocha-Trindade, Maria Beatriz; Neves, Miguel Santos; BONGARDT, Annette, “A Comunidade de Negócios Chinesaem Portugal. Catalizadores da Integração da China na Economia Globa”, Oeiras: INA, 177 p.;
• (2000), Rocha-Trindade, Maria Beatriz; Caeiro, Domingos, “Portugal-Brasil. Migrações e Migrantes”, 1850-1930. Lisboa: INAPA, 193 p.;
• (1998), Rocha-Trindade, Maria Beatriz; Raceau, François H. M. “Presence Portugaise en France”, Lisboa: Universidade Aberta, 264 p. (Colecção de Estudos Pós-Graduados;7);
• (1995), Rocha-Trindade, Maria Beatriz, [et. al.], “Sociologia das
Migrações”, Lisboa: Universidade Aberta, 410 p. (Textos de Base; 88).
DISTINÇÕES E LOUvORES
1992 – Louvor do Presidente da República, pelo trabalho desenvolvido no Instituto Damião de Góis (D.R. nº 27, II série de 1-2-84)
1993 – Chevalier de l’Ordre National du Mérite de France, Condecoração imposta por M. Alain Grenier, Embaixador de França em Portugal.
1996 – Prémio da Associação Portuguesa de Organizações Museológicas
(APOM) atribuída ao livro “Iniciação à Museologia”, que organizou e coordenou.
2003 – Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, atribuída pelo Presidente da República em 8 de Março de 2003.