Poema (em andamento) no rasto da minha Língua
O que dizer da Língua
dos sons imemoráveis de cada gente
das melodias que nos fazem assim ou assado?
O que pensar das cantigas da Pátria
em cada e toda a Memória?
Mas afinal, o que é isto de ser aquilo
nesta singular distância de nunca estar,
de nunca ser completamente
numa eterna comatosa dos sentidos?
Quem sou eu, nesta agonia entre os vais e os vens
navegando por um indecifrável manuscrito
que passa de mão em mão
sem autoria, sem pertença
desprovido de uma porta e de uma janela
por onde ler o propósito e a jornada?
Sei que não vou ser íntima de todas as páginas
que dizem do mundo
nem tempo vou ter
para ler nos rostos de todos
as cores de cada um.
Mas bastou-me um olhar teu
e um mundo inteiro
se desvendou na lava do teu beijo…ILHA!
(Faro, April 2015)
Humberta Araújo
(inédito)