Há ou não uma literatura luso-americana ? Segundo a informação fornecida pelo artigo escrito em inglês do Onésimo publicado na revista Hispania, os escritores nos Estados Unidos que escrevem em inglês com a temática açoriana pensam que são autores da literatura americana. Os autores que escrevem em português pensam que são autores da literatura açoriana. Então, no caso de Já não gosto de chocolates, a acção passa nomeadamente nos EUA mas o autor mora nos Açores escrevendo em português e sente-se que é um autor da literatura açoriana. No caso de Ilha Grande Fechada de Daniel de Sá, a acção decorre sempre na Ilha de São Miguel. Por isso, é fácil entender que é da literatura açoriana.
Eça de Queirós, como diplomata, viveu muitos anos fora de Portugal. É, como é óbvio, autor de literatura portuguesa. Ramalho Ortigão escreveu Holanda e ninguém diz que é um autor da literatura holandesa. João de Melo, açoriano, a partir de Madrid escreveu Mar de Madrid. Mas, claramente, não é da literatura espanhola. Ninguém diz que o Onésimo que escreveu (Sapa)teia Americana é um autor da literatura americana. Ninguém diz que José Rodriguês Miguéis é americano. Ferreira de Castro não é um autor brasileiro….
Quando a temática e a acção dos escritores açorianos ultrapassam a fronteira açoriana, parece-me que tem o perigo de se perder a identidade literária da Literatura Açoriana. Porém, os escritores açorianos que descrevem e expressam em língua portuguesa possuem fortes sentimentos de serem escritores da literatura açoriana mesmo "alargando-se fronteiras". Estes laços de sentimentos, nestes últimos anos, ganharam ainda mais forças e estamos em frente e/ou ao lado dos escritores açorianos que atingiram à época áurea e tão madura. Muito perto de mim.