Política e Sociedade na Imprensa Regional
A Imprensa Regional e a Sociedade
Com representantes do Brasil, de Cabo Verde e dos Açores, a sessão consistiu numa abordagem generalizada sobre a Imprensa nesses países e região açoriana, mas focando com especial acuidade o modo como a sociedade e a política são projectadas nos variados órgãos de informação. Nos primeiros casos, os intervenientes descreveram as características da sua Imprensa. Argumentou-se sobre a questão da liberdade de expressão nos Açores através dos seus órgãos de comunicação social, e concluiu que a enraizada tradição de uma imprensa livre nos Açores continua a permitir as mais variadas intervenções políticas e culturais sem qualquer constrangimento ou limites, para além da ética deontológica no tratamento de quaisquer questões nessas áreas ou quando nomes de indivíduos estão presentes. No que se refere a questões culturais, o mesmo interveniente frisou que a Imprensa açoriana continua a dar cobertura à Cultura em geral nos Açores, mas reflecte de qualquer modo as mudanças em curso em todo o país, num momento de redefinição de conteúdos e o espaço a eles dedicados. Em resumo, a sessão concluiu que a Imprensa regional tenta sempre um equilíbrio editorial que compreenda os interesses das mais diversificadas comunidades na sua área geográfica de actuação.
Sociedade e Cultura na Imprensa em Portugal
Foram demonstrados os méritos e deméritos de quatro revistas literárias representativas, a saber: Colóquio-Letras, Ler, Mealibra e O Escritor.
Contra as derivas da primeira e o sentimento de déjà lu da segunda foram as duas ultimas enaltecidas, dada a variedade de colaboradores e um espectro geográfico alargado. Seguidamente, historiaram-se momentos-chave do jornalismo cultural português desde 1761/62, quando a Gazeta Literária dedicava atenção à edição nacional estrangeira, o que hoje seria dificilmente abarcável face aos cerca de vinte mil obras anualmente editadas em Portugal.
Seguiu-se um balanço das revistas culturais segundo a sua procedência, com destaque para as académicas, de associações e instituições várias, autárquicas, ou de instituições estrangeiras entre nós.
José Carlos Vasconcelos descreveu a sua longa experiência de jornalista, em particular, de director do Jornal de Letras, e mostrou como as capas das revistas comportam maioritariamente assuntos de sociedade, a qual também inclui as produções culturais. Contra exageros de cariz urbano e experiências gráficas inconsequentes, referiu a necessidade de enquadrar e interpretar, de modo sucinto, matérias que sirvam de estímulo e adesão do leitor.
A importância das páginas literárias da imprensa regional mereceu acordo generalizado, pedindo-se imaginação de processos num tempo de dificuldades movidas pelo sensacionalismo e dependência televisivos, em que o mecenato se apresenta ainda frágil ou incerto.
FONTE : Resumo da Acta e Conclusões do 2º CONGRESSO INTERNACIONAL DA IMPRENSA NÃO DIÁRIA – Os Media na Economia do Conhecimento
(*) Foto de Mario Oliveira