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Este conteúdo fez parte do "Blogue Comunidades", que se encontra descontinuado. A publicação é da responsabilidade dos seus autores.
Imagem de Irmandade Atlântica, enlutada—
Lélia Pereira da Silva Nunes
Comunidades 01 jun, 2013, 02:14

Irmandade Atlântica, enlutada— Lélia Pereira da Silva Nunes



O Brasil da minha infância cresceu comigo.
Continuou a ter o povo dos cafezais de Portinari,
mas também o povo de Zumblick porta-bandeira do Divino.
Porque foi ficando cada vez mais a sul.
Até ao pampa que a gente por cá diz “as pampas”.
Com castelos do Assis Brasil e rios que têm as margens imóveis.
Com o vento da Lélia Nunes.
Aquele vento Sul que fazia travessuras nas saias das meninas.
E os rapazes à espreita, à espera de revelações.

Daniel de Sá, In: O meu Brasil português,2008






               








Irmandade Atlântica, enlutada

Um alerta de mensagem entrando, via Iphone, desvia minha atenção, na enchovalhada manhã de segunda-feira, 27 de Maio de 2013. Na tela, grita o indicativo de má notícia: “Acaba de falecer…” Dou enter e a frase se completa “o Nosso querido Daniel de Sá”. Leio o corpo da mensagem: “Lélia acabei de receber e não sei o que dizer. Abraço,Urbano”.
– Não diz nada,apenas deleta.
– Podes apagar?
– Diz que não é verdade?
Corro ao telefone e vem a certeza que desta vez o Urbano não tinha como deletar. Daniel de Sá, o cidadão e homem de muitas letras, sábio, mestre, amigo de fé e leal por inteiro ao seu Açores, às suas crenças e valores, aos amigos e à sua “Calie”,filhos, netos – deixou-nos. Ou,como expressou Onésimo Almeida que, profundamente tocado, lamentava a perda do seu (e nosso) amigo e irmão dizendo a toda gente que o Daniel está em sesta, só que desta vez é eterna como a saudade de todos nós. Esta é a verdade que dói. O querido amigo Daniel resolveu que era hora de fazer uma longa sesta e deixou-nos orfãos do seu saber, da sua ternura, da sua amizade. Perdi, perdemos,os Açores perdeu…um grande e inesquecível amigo.
Encerro, com a face lavada em lágrimas, recordando o distante Junho de 2004 quando, levada por Urbano Bettencourt, cheguei na Maia para conhecer o escritor Daniel de Sá. Deste encontro registrado na crônica “Ao encontro de Daniel de Sá, ecos de um percurso entre a realidade e a ficção” destaco este extrato em sua memória:
A descoberta do escritor Daniel de Sá levou-me a um breve périplo por sua obra e despertou um desejo imenso de conhecer a Maia, essa freguesia pertencente ao Concelho da Ribeira Grande, cujo povoamento foi iniciado logo após o descobrimento da Ilha de São Miguel, no século XV. Gaspar Fructuoso, no Livro IV, de Saudades da Terra (1591), fala das curiosidades da freguesia, dos moinhos, do dia a dia e do jeito de ser de seus habitantes. Daniel de Sá a transforma em palco, num cenário aberto, para a sua ficção.
O próprio Daniel recebeu-nos à porta de sua casa, na rua dos Foros, bem junto à Igreja Matriz, que tem por orago o Espírito Santo. De imediato, um clima de camaradagem se estabeleceu e já no instante seguinte conversávamos como velhos amigos. Era tanto para indagar e para contar. Tantos assuntos! Eu tagarelava sem parar, como incansável faladeira que sou. Daniel, paciente, a tudo respondia e informava com imensa simpatia. Missão que dividia com Urbano Bettencourt, que com seu espírito crítico estimulava a troca de ideias.
Entramos os três a caminhar rua abaixo, numa palração animada, em direção a uma esplanada localizada à beira-mar. A conversa se enveredou por mil rumos: história, aspectos políticos e sociais dos nossos países, vertentes literárias nos Açores e no Brasil, escritores de lá e de cá, encontros dos escritores açorianos no Solar de Lalém, amigos comuns e histórias partilhadas, Festa do Espírito Santo na Maia (não poderia faltar!), o imaginário popular e o fantástico nas nossas Ilhas.
A testemunhar este encontro memorável: o mar, a terra, a Maia. Ao largo, o esplendor da verdejante paisagem contrastada com o branco das casas alinhadas nas encostas dos morros.
Conhecer Daniel de Sá e o conjunto de obras que compreendem sua vasta bibliografia é viajar no tempo, penetrar no imaginário, é entender o processo cultural desenvolvido nos Açores, nas comunidades açorianas da diáspora e não só. Daniel escreve da freguesia da Maia, mas engana-se quem pensar que esteja isolado, longe do mundo culto, num aquário, hermeticamente fechado. Não está. Seu espaço é imenso. É o oceano que o rodeia na Maia e de lá se faz ouvir. E muito bem!
Calou a voz. A Irmandade Atlântica também emudece enlutada.
“Ficou-nos esta sina de permanecermos unidos. Porque somos irmãos. Continuamos por cá. Entre mar e céu, entre marés e montanhas. Divinos, quase. As coisas ou nós? Tudo. Uma espécie de panteísmo pressentido. Desde o “cagarro” de Santa Maria ao “manezinho” da Ilha. Vocês continuam por cá. E nós estamos aí.” (Daniel de Sá,2008)

Lélia Pereira da Silva Nunes
Florianópolis,28 de Maio de 2013
Brasil

Nota: Trecho da crónica publicada no Açoriano Oriental de Ponta Delgada,edição de 29 de Maio de 2013.

Irmandade Atlântica, enlutada---
Lélia Pereira da Silva Nunes
Legenda foto: Ultima vez que nos encontramos: 5 de Novembro de 2011 na Biblioteca Tomaz Vieira,Lagoa,São Miguel.
Ocasião do lançamento do meu livro Na Esquina das Ilhas. Estão na foto,Daniel de Sá e Tomaz Borba Vieira e sua esposa Conceição.

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