Permitam-me que comece por felicitar todos quantos se envolveram, de alma e coração, com empenho e denodo, na realização deste grande encontro de açorianidade e que vos transmita, em nome do Governo dos Açores e do Presidente Carlos César, um abraço fraterno dos Açores de lá.
É com renovado sentido de orgulho que me associo, enquanto membro do Governo com a tutela das questões das nossas comunidades, a este encontro e às festividades que, por via dele, são promovidas, celebrando, sob o signo do Espírito Santo, a unidade e a coesão da grande irmandade de açorianos espalhada pelas várias partidas do mundo.
Não é por acaso que o Dia dos Açores, o dia em que celebramos oficialmente a nossa Região, o “dia maior dos nossos dias”, como o definiu o Presidente do Governo Regional, coincide com a segunda-feira do Espírito Santo.
A Região em que nos tornámos, de comunhão entre as ilhas e de ligação fraterna a todos os lugares do mundo onde vivem açorianos, os Açores que afirmamos hoje são, talvez mais que tudo, resultado da mensagem de partilha e do sentimento de pertença que o culto do Espírito Santo, sempre revigorado, de geração em geração, acende e estimula.
O Espírito Santo marca, nesse sentido, profundamente a vivência dos açorianos no mundo enquanto fonte de inspiração e motivação pessoal e colectiva. De tal forma que esta ancestral manifestação, que acompanha, desde sempre, o percurso existencial dos açorianos, permanece fortemente implantada em todas as nossas comunidades – do Sul do Brasil ao Norte da América, às Bermudas ou ao Havai.
Com as adaptações e as especificidades que a História e os países de acolhimento foram adicionando à matriz original, é, ainda assim, a celebração do Espírito Santo que une os Açorianos para onde quer que eles tenham partido e que nos faz reviver, com a intensidade própria da distância, a pertença, nalguns casos remota, àquelas ilhas do meio do Atlântico.
Neste contexto, quero, pois, destacar com apreço o papel da Comissão Organizadora do IV Congresso Internacional do Espírito Santo, pelo seu dinamismo e empenho na preparação deste momento de encontro, debate e reflexão.
Esta iniciativa, que sempre reconhecemos, valorizamos e apoiamos, tornou-se indissociável do próprio sentimento de açorianidade e elemento fundamental da promoção da nossa cultura popular e religiosa, unindo as nossas comunidades.
De resto, o Governo dos Açores encara esse propósito de união como vector nuclear da sua acção e da sua missão governativa. Tanto assim é que, em conjunto com a Assembleia Legislativa da Região, temos levado o Dia dos Açores, não só de ilha em ilha, mas também, e já por duas vezes, às nossas comunidades no estrangeiro.
Esperamos que tal possa voltar a acontecer e fazemos votos para que, quando tal for viável em termos financeiros e logísticos, o possamos fazer junto das nossas comunidades californianas.
Sabemos que só assim estamos a respeitar a memória de todos quantos deixaram as suas ilhas, por adversidades e contrariedades múltiplas, e souberam construir um património de respeito e orgulho em todas as sociedades que os acolheram, pela sua perseverança, capacidade empreendedora e contributo honesto, sem nunca renegarem as suas raízes e a sua cultura.
Minhas Senhoras e meus Senhores
Cada Festa do Espírito Santo, nas suas tradições e rituais, é um exercício de memória e de saudade, mas é também um momento de reafirmação dos Açores e da Açorianidade no mundo.
Baseada na partilha e na comunhão, cada celebração é simultaneamente um acto de agradecimento pelo que passou e altura de projecção do futuro. Instante de balanço e de proposta.
Quando as vivemos fora das nossas nove ilhas estas festas ganham ainda uma outra escala temporal. A escala do percurso percorrido por cada comunidade açoriana no mundo, dos momentos primeiros da chegada até à integração e ao sucesso de que são hoje exemplo grande parte dos Açorianos emigrados.
A escala dos afectos individuais baseados na amizade, no reencontro e no convívio, mas também a escala de avaliação de um trajecto comum e partilhado.
Alcançamos ainda, em momentos como os que hoje se iniciam com esta sessão, a escala da comparação entre o que os Açores eram, quando no início do século XIX muitos dos nossos foram obrigados a deixar as nossas ilhas, e as oportunidades que apresentam hoje para o regresso e para o investimento.
Os Açores são hoje significativamente diferentes e para melhor.
Desde 2001, que a economia dos Açores cresce a um ritmo anual três vezes e meia superior ao nacional. Somos a única região do país que, em todos os últimos doze anos, teve taxas de crescimento positivas, aproximando-se em dez pontos percentuais da média nacional e, em termos de PIB per capita, no período de 1996 a 2007, a economia regional convergiu 8 pontos percentuais relativamente à União Europeia.
A nossa economia é hoje uma economia aberta e dinâmica, assente em mais sectores de desenvolvimento, que não apenas a agricultura e as pescas, com uma maior taxa de activos e uma população jovem capaz de impulsionar o nosso crescimento investindo em novas áreas e com maior nível de conhecimentos.
Mesmo perante um panorama internacional de retracção económica e financeira, que afecta todas as regiões do mundo, os Açores conseguiram resistir de forma determinada e evitar as consequências mais nefastas do terramoto financeiro e económico que varreu boa parte do mundo, registando no primeiro trimestre deste ano, um crescimento económico de cerca de 4 %.
Mas apesar destes resultados positivos devemos sempre almejar mais.
É por isso, e também por causa do clima económico e financeiro menos positivo, que o esforço de desenvolvimento e de aposta no crescimento sustentado da economia das nossas ilhas deve ser uma tarefa que importa a todos. Os que lá residem em primeiro lugar, mas também aqueles que nas nossas comunidades desejam ver a sua Região prosperar e melhorar.
Nesse contexto, é importante que cada açoriano na diáspora seja um porta-voz dos Açores de hoje e um seu defensor. Não apenas nos aspectos culturais e sociais em que são únicos, mas também, e em paralelo, na exposição das sua potencialidades e mais-valias que decorrem também do facto de estarmos integrados no espaço comunitário, na fronteira entre a América e a Europa, e na interconexão entre o Sul e o Norte.
Tal como estou certo que fazem diariamente em relação à nossa cultura, aos nossos costumes e à nossa identidade, os Açores precisam hoje que cada um de vós seja, directa ou indirectamente, potenciador do crescimento económico do Arquipélago, por via do investimento externo, e da sua plena integração no mercado mundial e nos benefícios da globalização.
Minhas Senhoras e meus Senhores
A associação entre o culto do Espírito Santo e a açorianidade é indestrutível. O nosso apego à autonomia, à liberdade e o culto da terceira figura da Santíssima Trindade enformam o âmago da nossa identidade, inserida na portugalidade atlântica e relembrada um pouco por todo o globo.
Celebrar o Espírito Santo e debatê-lo, como aqui acontecerá ao longo dos próximos dias, é também questionarmo-nos, procurando novo alento para os desafios com que nos deparamos, individual e colectivamente.
Termino, portanto, desejando a todos quantos vão participar neste Co
ngresso votos de um trabalho gerador de novo dinamismo em cada uma das nossas comunidades e que resulte no fortalecimento das pontes que as unem à nossa Região.
A todos, votos de um bom trabalho.
Muito obrigado pela vossa atenção.
Crédito Imagens: JM.Lomelino Alves e Lélia Nunes