A realização de um Congresso sempre é precedida por um planejamento longo que envolve inúmeras ações estruturais e organizacionais para que tudo ocorra nos conformes e que alcance o sucesso esperado. Por sucesso se entende, antes de mais nada, ter acesso as fontes de recursos e obter os apoios financeiros e sociais imprescindíveis para a sua execução com expressiva qualidade de palestrantes, público e de infra estrutura física. Olha que isso não é nada fácil. Há que se ter uma comissão organizadora eficiente, atuante e eficaz. Incansável. Uma comissão científica de nível para receber e selecionar as comunicações, definir os conferencistas convidados e formatar painéis ou mesas redondas, a metodologia funcional do Congresso. Tudo é resolvido com prazos estabelecidos e nem sempre obedecidos. Adiciona aí uma boa dose de paciência por parte dos organizadores para atender as necessidades dos inúmeros convidados. Ou seja, desde a primeira hora que se assume o compromisso de se fazer um Congresso até o fechar da última cortina ou do último adeus no aeroporto é um Deus nos acuda,um corre-corre sem fim para atender a tudo e a todos.
Todo este preâmbulo aqui feito e que a maioria já conhece bem mas, que não custa relembrar, é tão somente para destacar a excelência do IV Congresso Internacional sobre as Festas do Espírito Santo realizado entre os dias 24 e 27 de junho nas cidades de San José e Santa Clara, Califórnia, numa feliz parceria entre a Direção Regional das Comunidades – Presidência do Governo Regional dos Açores e a Comunidade Portuguesa da Califórnia. Sobretudo, o Congresso foi um grande encontro de comunidades açorianas em torno de uma celebração que é, sem dúvida, o grande símbolo da identidade cultural açoriana. “ É a manifestação onde o profano e o religioso se fundem e confundem,que reúne e mantém unida a grande família açoriana. É,numa palavra,um dos pilares da açorianidade”, como bem expressou Rita Machado Dias, Diretora Regional das Comunidades nas suas palavras de boas vindas aos congressistas.
Por quatro dias, São José foi palco de um grande acontecimento histórico-cultural e não apenas de um Congresso reunindo pessoas em torno de um tema. Sob a competente e dedicada coordenação de Tony Goulart e José Couto Rodrigues, bem como um grande número de instituições e pessoas patrocinadoras , especialmente cito a Irmandade do Espírito Santo de San José e a Aliança Jorgense, o Congresso reuniu cerca de 36 comunicadores entre escritores, jornalistas, professores, sociólogos, antropólogos, historiadores, teólogos, artistas, num espaço privilegiado para o diálogo plural, para o intercâmbio de idéias, para a troca de experiências e conhecimentos, para a reflexão sobre a simbologia, rituais e seus significados religiosos, culturais e sociais. Para o entendimento da variedade das apropriações dos sentidos de pertença a uma mesma herança cultural, através de celebrações do Espírito Santo Santo, de cunho religioso e popular que, por um alargado olhar transnacional dão conta da riqueza que encerram as Diásporas Culturais. Portugueses-açorianos que nunca esqueceram a respectiva origem e orgulham-se mesmo da sua partilha cultural comum, que assumem com orgulho e publicamente, mantendo a referência aos valores sociais e culturais e a herança que fortalece os sentidos de pertença, a força da identidade.