Um programa intenso,mas não exaustivo,que contou com seis sessões de comunicações formadas segundo o critério geográfico da origem de seus membros: Brasil (Sul e Sudeste); Estados Unidos ( Hawaii, Colorado, Nevada Idaho, Florida); Leste dos Estados Unidos (Arlington, Hudson, Fall River, Connecticut); Canadá (Vancouver, Montreal, Laval, Ontário); Portugal, Açores, Cabo Verde e Angola e, por último, a anfitriã Califórnia (San Diego, Vallejo, Hayward, New York, Los Gatos, San José). Cada trabalho expressou a realidade histórico-cultural de sua comunidade, falando de histórias de vida, de depoimentos emocionados, das agruras de uma família emigrada, das muitas lágrimas, das alegrias, da fé e louvor ao Divino como as Festas do Espírito Santo em São Jorge do Kátofe (Angola), relato do terceirense Vicente Matos apresentado com grande emoção por Manuela Aguiar, a alegria do celebrar das hawaiianas Evelyn Starkey e Wiolletta Centeio num contagiante Aloha!
As comunicações brasileiras e seu olhar sobre o culto que sobrevive passados 263 anos, uma herança que chegou nas naus açorianas do século XVIII e ancorada na esperança venceu o carrossel do tempo. O depoimento dos insulares, vozes açorianas como Frederico Maciel de São Jorge e Pe. Helder Fonseca Mendes, eminente estudioso, a proferir uma verdadeira aula sobre a Teologia do olhar nas estações do Espírito Santo. Ou ainda, a palavra de Pedro Folgado, vinda de Alenquer, a discorrer com propriedade absoluta sobre as origens do culto ao Espírito Santo, as confrarias, os impérios, a primeira coroação e o ato de instituição pela Rainha Isabel.
No grande salão do Portuguese Athletic Club, de San José, um público superior a trezentas pessoas acompanhou com grande interesse as diferentes sessões. Num painel, lia-se a citação de Manuel Duarte (in:Banda Novas & Outras Histórias): “Através dos tempos,o ilhéu (açoriano) procurou noutras paragens espaço, pão e justiça. Na mente trazia a esperança de riqueza. Às costas, a ilha. No seu coração, o culto ao Espírito Santo.” Uma verdade comprovada em cada comunicação apresentada, nos depoimentos e testemunhos enriquecidos com centenas de imagens, num corolário de memórias de muitas gerações a desfilarem no grande écran do salão, numa grande partilha de sonhos e de realizações, de sentimentos e de muita fé ao Senhor Espírito Santo.
Entre os signos do sagrado e do profano, Álamo Oliveira reflete sobre o futuro da tradicional festa em nome de “Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo, e o Futuro?”, o modelo da atual celebração e o que fica da sua essência. Onde fica o Divino? O que será do futuro do culto e da festa? Será que caminhamos para uma coroação virtual? Se o futuro a Deus pertence vamos botar fé que mesmo com a mudança inexorável dos tempos, da dinamização cultural, da transnacionalidade das manifestações, a essência do culto e da celebração do Divino Paráclito vai além da exteriorização da devoção. Seja na multiplicação das “Queens”, nas procissões pomposas, nas cortes e cortejos com Imperador e Imperatriz do Brasil, seja na coroação, nas crenças, no alimento partilhado do bodo, no périplo e na pureza da menina da Bandeira, como cantou o poeta.
O Congresso deixou transbordar a alma coletiva, açoriana, o pulsar da festa emergiu de diferentes latitudes, a voz de todos se fez ouvir acreditando na sua sobrevivência com antigas ou novas roupagens. Vozes como do jovem Anthony Pereira da Costa,17 anos,vindo de Vancouver e do futuro.
crédito imagens: José Mauricio L.Alves e Lélia Nunes