Dos prados é tão belo vêr as flôres,
Das aves ternas vozes escutar,
E vêr, de ramo em ramos, saltitar
Perdido passarinho por amores!
Vêr a rosa, é tão belo, abotoar,
Ostentando nas folhas lindas côres,
Respirar é tão grato seus odôres,
De abril ameno, em noite de luar!
É sublime o sol vêr, no seu destino,
Cumprindo eternas leis na grande altura,
Doirar o fundo do rio cristalino,
Quando à terra transmite luz tão pura!
Mas nada disto é mais belo e divino,
Do que a Deusa que eu amo, – a Escultura!…
João Cordeiro,
Cavacos de entalhador,
Ponta Delgada, 1931.