A Verdade do Poeta
É de sonhos que se tece
A verdade do poeta
E a poesia acontece
Quando o poeta se esquece
De acordar na hora certa
Com o corpo adormecido
E a alma bem desperta
A vida faz mais sentido
E murmura ao ouvido
Do sonho a palavra certa
Depois é só trocar
Por palavras sentimentos
E as emoções enganar
E fazê-las confessar
Os verdadeiros intentos
Sonhar é fazer sorrir
A lágrima mais dolorosa
E os pesadelos despir
Para depois os vestir
De mil sonhos cor-de-rosa
É fazer o Sol brilhar
Na noite mais tenebrosa
Pôr a tristeza a cantar
E devolver ao olhar
Aquela luz preciosa
É roubar ao pôr-do-Sol
Um raio de luz derradeiro
E fazer dele um farol
Que ilumine o mundo inteiro.
João Mendonça,
in Fragmentos, Ponta Delgada, Sempretur, 1999.