AS LAVADEIRAS
(Ao meu colega Manuel T. Correia)
MOTE
O melro vem de mansinho
Sobre um salgueiro escutar
Os cantos das lavadeiras
Que estão no rio a lavar.
GLOSA
Quando o sol no horizonte
Desponta, devagarinho…
P’rá orla do salgueiral
O melro vem de mansinho.
As vozes das raparigas,
Que além estão a lavar,
Vem a voar, asas negras,
Sobre um salgueiro escutar.
Falam d’amor, de pesares,
D’ingratidões, de canseiras,
De penas e d’infortúnios
O tão dolente cantar
D’essas gentis raparigas
Que estão no rio a lavar.
Poemas,
Ponta Delgada, Barbosa e Xavier, L.da, 1984.
Açorianidade – 156 [João Silveira, “As Lavadeiras”. Eugénia Lima, “Coração não Chores”]
João dos Santos Silveira (1912-1980), professor, bibliotecário, poeta, natural de Caveira, ilha das Flores, trabalhou na freguesia de Ponta Delgada e na vila de Santa Cruz da ilha natal e na cidade de Ponta Delgada, ilha de S. Miguel, onde faleceu.