Nascido na Ilha de Itaparica, na Bahia, a 23 de Janeiro de 1941, bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia, com pós graduação em Administração Pública (UFB), É Master of Science em Administração Pública e Ciência Política pela Universidade da Califórnia do Sul.
Foi professor da Escola de Administração e da Faculdade de Filosofia da Bahia e da Escola de Administração da Universidade Católica de Salvador.
Como jornalista, foi repórter, redator, chefe de reportagem e colunista do Jornal da Bahia; colunista, editorialista e editor-chefe da Tribuna da Bahia; colunista do Jornal Frankfurter rundschau na Alemanha. Colaborador de diversos jornais e revistas no país e no exterior, entre os quais, além dos citados: Diet Zeit (Alemanha), The Times Literary Suplement (Inglaterra), o Jornal (Portugal), Jornal de Letras (Portugal) e cronista e colaborador dos jornais O Globo(RJ) e o Estado de S. Paulo(SP).
Esta é a apresentação acadêmica e profissional de João Ubaldo Ribeiro, um dos mais brilhantes e destacados escritores do Brasil.
Foi trabalhando na Imprensa, editando jornais, assinando colunas, sendo observador perspicaz, ironia sutil, no jeito baiano quase doce de falar e ao mesmo tempo voz firme e contundente que se fez ouvir por todo o País e para além dos nosso limites geográficos. Neste universo, escreveu seus livros de ficção e construiu a carreira literária que o consagrou como romancista, cronista e tradutor.
João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro ocupa a cadeira número 34 da Academia Brasileira de Letras, a Casa de Machado de Assis, desde 1993. Não sei, se o escritor costuma freqüentar o Chá da Academia. Desconfio que não… Mas, o que eu não dava para ficar com uma chávena de chá, esfriando entre as mãos, enquanto o escritor ia desfiando histórias que ele sabe tão bem contar lá da sua Itaparica, saídas de um gostoso boteco do Leblon ou das suas muitas andanças por terras de Portugal onde tem tantos amigos como José Carlos de Vasconcelos, diretor do JL – Jornal de Letras,Artes e Ideias,de Lisboa. Aliás, em 1981, graças a uma bolsa concedida pela Fundação Calouste Gulbenkian, muda-se com a família para Lisboa e, enquanto aí viveu,edita a revista Careta com o jornalista Tarso de Castro.
A formação literária de João Ubaldo é anterior a tudo isso, começou nos tempos de estudante. Foi um dos jovens escritores brasileiros que participaram do International Writing Program da Universidade de Iowa. Seus primeiros trabalhos literários foram publicados em diversas coletâneas (Reunião, Panorama do Conto Baiano). Aos 21 anos de idade, escreveu seu primeiro livro, Setembro não Tem Sentido, que ele desejava batizar como A Semana da Pátria, contra a opinião do editor. O segundo foi Sargento Getúlio, de 1971. Em 1974, publicou Vencecavalo e o Outro Povo, que por sua vontade se chamaria A Guerra dos Paranaguás.
Escritor consagrado como um marco do moderno romance brasileiro, a seu respeito pronunciaram-se personalidades da crítica literária internacional e seu nome é constante referência nas mais conceituadas colunas literárias de todos os grandes jornais e revistas. Basta citar, à guisa de ilustração, que em 1999, foi um dos escritores escolhidos em todo o mundo para dar depoimento ao jornal francês Libération, sobre o terceiro milênio. E sua obra Viva o Povo Brasileiro(1983) foi tema do exame de agrégation, concurso para detentores de diploma de graduação na universidade francesa. Viva o Povo Brasileiro que tem por palco a Ilha de Itaparica e percorre quatro séculos da história do país e Sargento Getúlio (1971) constaram da maior parte das
listas dos cem melhores romances brasileiros do século XX.
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O Carnaval reflete a efervescência cultural brasileira e traduz o verdadeiro sentimento dessa que é a maior festa popular do norte ao sul do País,o que faz do samba a alma, a identidade do Brasil. O enredo de cada Escola de Samba fala de momentos e vivências de nossa terra, das riquezas, do desenvolvimento, do progresso, da diversidade cultural, das diferenças, da natureza exuberante, da história e do povo brasileiro. Foi sambando que a gente brasileira reverenciou o escritor João Ubaldo levando para o Marquês de Sapucaí seu livro Viva o povo brasileiro como samba-enredo da escola Império da Tijuca no carnaval de 1987.
Sua notável obra foi adaptada para cinema, televisão e teatro. Está traduzida na Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Portugal, Espanha, Holanda, Suécia, Cuba, Hungria, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Rússia, Israel, Estados Unidos e Canadá.
A 26 de julho do ano passado, o escritor João Ubaldo Ribeiro, merecidamente, foi distinguido com o Prêmio Camões 2008, o mais importante galardão concedido a autores de língua portuguesa, instituído em 1988 pelos governos de Portugal e Brasil. Foi o oitavo escritor brasileiro a receber o relevante Prêmio. Por ocasião da outorga da honraria assim se expressou: É bom saber que, enquanto escritor da língua portuguesa, pude cumprir, pelo menos no ver de meus contemporâneos, a minha obrigação com seriedade, denodo e amor, porque é desta língua que vivo e nada mais me enaltece do que imaginar que esta língua me agradece.
A palavra do escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro há muito é esperada no Blogue das Comunidades, finalmente este dia chegou.
Seja bem vindo, a este espaço, portal aberto ao diálogo plural, que aproxima distantes geografias, olhares de perto e de longe, alicerça vínculo afetivo e intelectual com vozes das comunidades que aqui se confraternizam num de mar de abraços e se fazem ouvir.
Lélia Pereira da Silva Nunes
21 de abril de 2009
Ilha de Santa Catarina.
I: Prêmios e Distinções:
1972 – Prêmio Jabuti (melhor autor), com Sargento Getúlio;
1984 – Prêmio Jabuti (melhor romance), com Viva o Povo Brasileiro;
1985 – Prêmio Golfinho de Ouro do Estado do Rio de Janeiro, com Viva o Povo Brasileiro,
romance consagrado pelo público e crítica;
1994 – Prêmio Die Blaue Brillenschlange(Zurique, Suíça) – concedido ao melhor livro
infanto-juvenil sobre minorias não-européias – pela edição alemã de Vida e Paixão de
Pandonar, o cruel;
1994 – Prêmio Anna Seghers(Mogúncia, Alemanha) – concedido somente a escritores
alemães e latino-americanos;
2006 – Prêmio Lifetime Achievement Award, da 9ª edição anual do Brazilian International
Press Award – por sua contribuição, no âmbito internacional, à promoção de uma
imagem criativa, moderna e integracionista da arte e cultura do Brasil;
2008 – Prêmio Camões – a mais importante premiação dedicada a autores da língua portuguesa.
Desde 1996, detém a cátedra de Poetik Dozentur na Universidade de Tübingen (Alemanha).
II Produção Literária:
1. Romances: Setembro não tem sentido(1968);Sargento Getúlio( 1971);Vila Real(1979;,Viva o povo brasileiro( 1984;O sorriso do lagarto( 1989);O feitiço da Ilha do Pavão(1997);
A casa dos Budas ditosos( 1999);Miséria e grandeza do amor de Benedita (2000 e 2003 em Portugal),foi o primeiro e-book- livro virtual lançado no Brasil; Diário do Farol( 2002)e reeditado em Portugal inte
grando a coleção “Grandes Autores de Língua Portuguesa”( 2003.
2. Contos: Vencecavalo e o outro povo (1974),Livro de histórias(1981) reeditado em1991, incluindo os contos “Patrocinando a arte” e “O estouro da boiada”, sob o título de “Já podeis da pátria filhos”.
3. Crônicas: Sempre aos domingos(1988),Um brasileiro em Berlim( 1995),Arte e ciência de roubar galinha ( 1998),O Conselheiro Come( 2000),Você me mata, Mãe gentil( 2004),A gente se acostuma a tudo( 2006),O rei da noite,( 2008).
4. Ensaio:Política: quem manda, por que manda, como manda(1981);Literatura infanto-juvenil:Vida e paixão de Pandomar, o cruel( 1983),A vingança de Charles Tiburone( 1990).
5. Está presente em inúmeras antologias, coletâneas, desde 1959, no Brasil e no exterior. Traduziu, organizou e apresentou diversas obras, difundindo o escritor e a produção literária do País. Ainda de e sobre o autor estão anotados diversos ensaios e apresentações incluídos em livros, artigos de jornais, artigos de revistas e entrevistas.
Nota: Os dados biográficos e bibliográficos foram cedidos por Valéria dos Santos,secretária do escritor e obtidos no site, da Academia Brasileira de Letras e no Projeto Releituras de Arnaldo Nogueira Júnior.