[Ia chegar o Espôso: Mat. 25:1-13]
Ia chegar o Espôso.
O nardo rescendia!
E ao despedir o dia
as rosas e os jasmins
espalhavam no ar a vida dos jardins.
O céu resplandecia:
uma chuva de estrelas parecia
esmaecer de gôzo!…
Dez virgens silenciosas
— dir-se-iam princesas —
ricas vestes cingindo e toucadas de rosas¬
velavam, noite já as lâmpadas acesas
e suspirando tôdas
por assistir às bôdas.
Mas a lua, porém devagarinho
subindo em seu caminho,
ia alongando a noite, docemente,
em tepidez de sonho, transparente…
Virgens fiéis persistem, vigiando
com seus vasos de azeite sobraçados.
Ai! mas outras, seus olhos descuidados
deixam fechar… sonhando …
e as lâmpadas se finam, doloridas,
por não serem providas!
Ei-lo que chega! Então
airoso reboliço, qual voo de asas leves,
braçado de açucenas em níveos colos breves…
E as cinco virgens prudentes
às bôdas se encaminham diligentes…
E iluminando as almas,
entre flores e palmas,
as lâmpadas lá vão!
E as outras cinco — virgens loucas! —
foram expulsas das bôdas,
cabecitas ôcas!
Senhor! E tinham sido convidadas tôdas!
Josefina Amarante,
Naquele tempo – poemas bíblicos, Edição da autora, Horta, 1941.
Castro, Josefina Amarante Freitas do Canto e (1907-2008) poeta, jornalista, professora, natural de Providence, E. U. A., residiu em Velas, ilha de S. Jorge, Angra do Heroísmo, Cais do Pico, Horta e sul da Califórnia onde faleceu.