Texto de Eduardo Paz Ferreira
Nas instruções para uso com que inicia o seu livro, Mário Mesquita escreve que o “texto de Lídia Jorge – Este livro branco – dispensaria qualquer nota introdutória, não fora o meu desejo de transmitir ao leitor algumas informações para seu uso acerca do modo como o Estranho Dever do Cepticismo foi escrito para os jornais e construído em livro”.
É em tudo semelhante o meu embaraço, acrescido da sensação de um trabalho supérfluo. Depois de ler o prefácio de Lídia Jorge não sei que mais se pode dizer de útil sobre o livro. Para com Lídia Jorge contraímos, todos nós, leitores e admiradores de Mário Mesquita, duas dividas profundas: o magnifico prefácio e, sobretudo, o ter estimulado a publicação do livro, com que o Mário Mesquita rompe o silêncio dos últimos anos.
Se todos nos sentimos órfãos da sua voz na imprensa, ficamos, agora, menos tristes, confortados pela forma cómoda como podemos reler algumas das melhores peças jornalísticas e literárias da última década do século XX e da primeira do século XXI e isso é algo que, seguramente, devemos agradecer ao Mário e a todos os que a ele se juntaram em torno deste livro.
Não é a primeira vez que o autor recolhe os seus textos de jornais, sempre em livros fascinantes e de títulos felizes – Deve e Haver (1984) e A Regra da Instabilidade (1987). Volta, agora, a fazê-lo mais de vinte e cinco anos depois e num contexto muito diverso daqueles em que os seus anteriores livros tinham sido publicados.
Nada disso o iliba do pecado de não partilhar connosco as suas reflexões e ainda menos iliba os órgãos de informação de não colocarem o suficiente empenho em voltarem a tê-lo nas suas páginas, porque se o tempo, como recorda a Lídia Jorge, é de cedência à facilidade da escrita ou, para usar a sua tão feliz expressão, de “leitura da mancha impressa servida às tiras e aos ziguezagues” nem por isso deixa de ser um tempo que exige e convoca reflexões com a qualidade e profundidade das do Mário Mesquita.
Devo a honra de aqui estar hoje à velha amizade com o Mário Mesquita. Há cinquenta anos (custa lembrar), iniciava-me eu na pré-JEC e era ele já dirigente da JEC quando se interessou por mim e me começou a abrir horizontes. Abriu-os de tal modo que por lá não ficamos muito tempo. Ainda assim, em vários dos textos seleccionados, assim como no diálogo com os católicos progressistas em que se empenhou na acção política, ou na clara sedução por Domenach ou Paul Ricoeur é claro que algo ficou desses tempos fundadores.
Dez anos depois, o Mário Mesquita convocou-me para terrenos bem diferentes, mais laicos, convidando-me para integrar a redacção da República, que crescia no pós 25 de Abril. Deu-me assim a oportunidade de acompanhar com especial intensidade os anos de brasa de 1974-75 e de participar, de corpo inteiro, na luta pela liberdade de expressão.
E tendo-me deixado, na venerável sombra de Raul Rego e do busto da República, Mário Mesquita partiu para outros projectos. Aventurar-se-ia pela fundação do Jornal Novo, no qual lançaria um conjunto de notáveis jornalistas que, depois, o seguiram noutros títulos. Vieram, depois, os anos dourados do Diário de Notícias e, mais tarde, a fascinante aventura do Diário de Lisboa, em que juntaria os melhores de uma geração do jornalismo português e abriria caminho a outros mais jovens. Infelizmente, a experiência foi abortada pela mudança dos hábitos de leitura, pelas dificuldades financeiras e pela inexorável condenação dos vespertinos.
É o Mário Mesquita na sua multifacetada personalidade de homem da cultura, de observador atento da realidade, de verdadeiro analista político antes da profissão ou, pelo menos, o titulo se terem tornado moeda de escasso valor, de incansável e metódico trabalhador e de homem de cultura que vamos encontrar neste livro. Afastado, aparentemente de vez, está o político ligado à fundação do Partido Socialista e deputado à Assembleia Constituinte. Um pouco menos presente fica o Mário Mesquita polémico, que mais facilmente se encontrará noutros livros anteriores, ainda que a ironia que o celebrizou não deixe de marcar presença por vezes de forma bastante impressiva.
Também e, ao que suponho, por necessidades editorais, não encontraremos o lúcido e empenhado observador da realidade açoriana que apenas perpassa nalguns textos, a propósito de personalidades como João Bosco Mota Amaral. Do mesmo modo, os seus textos densos e profundos sobre teoria da comunicação social não foram recolhidos nesta publicação. Na sua nota introdutória, o autor deixa, no entanto, ainda que em formulação dubitativa, a promessa destas duas áreas virem a ser objecto de publicações autónomas.
É uma promessa que estou certo que todos nós lhe iremos cobrar.
Mais oculto aos leitores distraídos estará o Mário Mesquita pudico na expressão dos seus sentimentos.
Mas, permitam-me que comece por aí, pela ternura que expressa pela filha, companheira de viagem a Itália, por José Medeiros Ferreira, tão amado por tantos dos que aqui hoje se reúnem, pelos amigos falecidos, cujos perfis traça por forma a perpetuarem-se na nossa memória, bem como na discreta referencia ao João Carlos Alfacinha da Silva, que aqui queria recordar de uma forma especial, pelo seu enorme talento, pela sua inteligência e bondade ímpares e pela modo como sempre manteve os valores da amizade presentes, em tempos em que todos tendíamos a mergulhar na voragem de quotidianos enlouquecidos pela múltiplas solicitações. Foi o Mário Mesquita que me o apresentou, logo no meu primeiro dia de Lisboa, assim me fazendo uma das melhores ofertas da minha vida.
Mário Mesquita é um intelectual de um modelo antigo, que junta àquilo que é o património mais ou menos comum das pessoas da sua geração e do seu percurso político, um imenso espírito de curiosidade e abertura que o abrem para um universo mais vasto. A combinação do espírito clássico e moderno é um dos traços mais distintivos da sua personalidade e da sua escrita.
Contrariamente a muitos da sua geração, Mário Mesquita, homem sem dogmas, sempre manteve o espírito aberto às mais diversas influências, nunca se enfeudando a qualquer uma delas. Insaciável leitor e investigador raras foram as obras ou os autores importantes das últimas décadas que lhe passaram ao lado.
Também cabe aqui assinalar, de modo especial a sua atenção às pessoas e o esforço para as compreender nas suas motivações e naquilo que têm de mais interessante.
Por isso, uma parte tão significativa dos textos é consagrada a personalidades vivas ou mortas, amigos próximos ou referencias culturais e políticas. Todas tratadas com uma elegância superior. Tenho, aliás, poucas dúvidas que a biografia seria um género que Mário Mesquita teria um especial gosto em cultivar, em modelos naturalmente muito diversos dos panegíricos ou foto-biografias (com ou sem fotografias) que por aí pululam.
Muitos destes textos são consagrados a figuras obrigatórias da política ou da cultura portuguesa ( por exemplo, Salgado Zenha, Ramalho Eanes, Mários Soares, David Mourão Ferreira ou Eduardo Lourenço) outros a amigos próximos (Álvaro Guerra, Victor Cunha Rego, José Luís Nunes, Manuel Areias), a referencias culturais ou políticas internacionais (Freud, Sarte, Steiner, De Gaulle, Mitterand), mas são talvez especialmente tocantes aqueles que nos aproximam de personagens que trazem em si a contradição (Gunter Grass, Hans Robert Jauss) ou os que viram ruir o seus sonhos (Gilles Martinet ou José do Canto).
Não se pense, no entanto, que o livro que hoje é lançado constitui um mero repositório de evocações de pessoas. Mário Mesquita tem tempo para seguir estes percursos individuais, mas nem por isso deixa de ser solicitado por muitos outros temas, como bem poderá confirmar quem ler os cento e cinquenta textos que
compõem o livro e que, ao que o autor nos informa, foram objecto de uma pré-seleção de quinhentos.
Numa arrumação que está longe de ser rigorosa, o autor tentou arrumar os textos por seis áreas temáticas, encontrando-se, a par das evocações pessoais, núcleos intitulados Memória, Acontecimentos, Conjuntura, Instituições e Crises.
Os textos agrupados sob a epígrafe Memória abrangem recordações e evocações muito diversas. Desde as mais recentes que lembram acontecimentos em que Mário Mesquita interveio ou que se situam numa época que conheceu até outros que se reportam a outros mais antigos mas que, de alguma forma, marcaram o autor e a maior parte da sua geração. Por aí passa, de novo, o fascínio por personagens controversas, como Getúlio Vargas, ou por episódios como o Affaire Dreyfuss, que emocionaram a nossa juventude.
Mas, sobretudo, aquilo que caracteriza este conjunto de textos é a expressão de uma necessidade de dar testemunho de episódios passados – heróicos (25 de Abril) ou dramáticos (o nazismo e os campos de extermínio) – assumindo-os, integralmente como um património sobre o qual temos de forjar o futuro, sem concessões àqueles que prefeririam fazer tábua rasa de tudo, como se apenas contasse um admirável mundo novo, sem passado nem história.
Num artigo incluído noutro bloco temático – Acontecimentos – Mário Mesquita concorda, tal como seguramente muitos de nós, com Mário Soares quando este afirma “… que o perdão não equivale ao esquecimento, mas convém acrescentar que perdoar também não é sinónimo de promover ou reinstalar”, numa frase que é de alguma forma a moral que se pode tirar de algumas das evocações. Haverá – é certo – quem se interrogará se Mário Soares, na sua acção política, seguiu à letra tão avisado conselho.
É nos blocos Acontecimentos e Conjuntura que se encontram os textos mais marcadamente de intervenção política e em que mais se sente a ironia do temível comentarista que é Mário Mesquita, muito longe, no entanto, sempre da grosseria de algumas crónicas de intervenção dos nossos dias, mas seguramente muito mais eficaz.
Num momento em que Grândola – a bela canção de José Afonso -volta a ganhar centralidade na vida portuguesa permitam-me, aliás, que leia um parágrafo de Janeiro de 2006, do artigo Grândola Vila Amarela, “quando liguei o televisor, já o telejornal ia avançado, em pleno “bloco” de notícias sobre as presidenciais. Comício em Grândola de apoio ao candidato da direita e do centro direita. Entoava-se, em coro, a canção símbolo do 25 de Abril: “Grândola, Vila Morena”. Alucinação? Não era. O candidato Cavaco Silva, envolvido no canto colectivo, ostentava o seu famoso sorriso amarelo – o que, neste caso, só abona a seu favor na medida em que talvez revele algum mal-estar e pudor na apreciação de símbolos alheios”.
Pelo menos, este tipo de imagem com Cavaco Silva ou outros personagens da mesma área política é duvidoso que Mário Mesquita possa voltar a comentar, a menos que reserve, nas suas memórias, espaço para a canhestra tentativa do Ministro Miguel Relvas, aquando da primeira grândolada.
O capítulo referente às Instituições, é constituído por um grupo de textos de análise da prática política e constitucional, revelando uma fina capacidade de avaliação e uma profunda compreensão da realidade política. Já quanto ás Crises são selecionadas o 11 de Setembro, Timor Leste o Iraque e a Itália. A esta última voltarei em especial.
Falei do Mário Mesquita, infatigável trabalhador e escrupuloso intelectual. Exemplar é a passagem das instruções para uso, em que nos revela que “os comentários dirigidos à imprensa diária eram redigidos ao sábado e publicados ao Domingo. De manhã, documentava-me, ou seja lia os jornais do dia e, se o tema era internacional, procurava informações adicionais na minha estante ou na internet. As referencias estrangeiras eram, geralmente, o El Pais, o Estado de São Paulo, Le Monde e de New York Times. O tempo da escrita durava quatro a seis horas. Quando o tema já estava decidido na sexta-feira à noite, o resultado parecia-me melhor”.
De um certo modo, esta breve descrição lembrou-me o trabalho de um intelectual açoriano, José Bruno Carreiro, a explicar os caminhos que seguira na construção da monumental bibliografia de Antero de Quental, um texto a que os leitores tiveram acesso graças ao desvelado empenho de Ana Maria Martins, grande amiga de Mário Mesquita, com quem partilha o fascínio pelo intelectual açoriano.
Nesta passagem, encontramos Mário Mesquita em diálogo com os jornais, mas noutras, em muitas outras, é no diálogo com os grandes escritores que se alimenta o texto. Num notável conjunto de textos que constituem um verdadeiro roteiro de uma viagem a Roma, quiçá sob o signo da Viagem a Itália do Roberto Rosselini, num registo menos místico, mas nem por isso menos apaixonado, mas expressamente colocado sob a égide da Viagem a Itália de Goethe, são múltiplos os diálogos, mas sobretudo o autor evoca o grande David Mourão Ferreira e o seu amor incondicional à cidade onde, nas suas palavras, as ruas “são vias que são veias”.
No conjunto destes textos, Mário Mesquita recorda-me como o mais pró-italiano dos seus amigos e é, por isso, natural que o conjunto de reflexões italianas me tenha chamado particularmente a atenção e, por isso arrisco-me a alongar ainda um pouco esta apresentação, ignorando o belo conselho de Italo Calvino, que nos recomendou a leveza como qualidade a prezar especialmente no século XXI.
Roma para mim, como para o Mário Mesquita, começou por ser a Roma do cinema: de Rossellini, de Pasolini e, sobretudo e obviamente, de Fellini. A Ana Mesquita não gostou do Roma de Fellini. Não sei se, entretanto, viu a Dolce Vita, mas estou convicto que, mesmo sendo de uma geração com problemas e angústias muito diferentes, das que perpassavam o personagem de Marcello Mastroianni, a sua sensibilidade e inteligência não deixarão de a atrair para a galáxia dos que amam Roma na vida real e no cinema. Esta foi apenas uma primeira viagem, Ana.
Mas não é apenas por curiosidade pessoal que dedico especial atenção aos artigos sobre Itália.
Numa das luminosas passagens do seu prefácio, Lídia Jorge sustenta que o livro de Mário Mesquita permite ver claramente o sentido em que vínhamos caminhando e a situação a que nos levou, tornando-o um instrumento de enorme utilidade também para compreender os nossos dias. Se isso é verdade em relação a muitas outras situações, é o especialmente em relação à Itália. Quem tivesse lido as sucessivas análises que o autor publicou não se teria minimamente surpreendido com o resultado das recentes eleições. As personagens estavam colocadas. O palco pronto. A novidade foi só o aparecimento de um novo actor -Beppe Grilo – sintomaticamente um comediante profissional, a acrescer ao comediante político Berlusconi, nas palavras de uma das mais mortíferas capas do Economist. Mas mesmo essa aparição podia ser prevista.
E confesso que devo à releitura de Mário Mesquita a lembrança da iniciativa com que Nanni Moretti, outro cineasta da nossa comum estima, tentou dinamizar uma esquerda apática – a tal incapaz de dizer qualquer coisa de esquerda na análise célebre do realizador – através do movimento girotondi, de que podemos encontrar alguma réplica na actualidade portuguesa.
E quanto à atitude que a União Europeia assumiu e assume, a evocação de passagens de Goethe, marcadas pelo forte preconceito, permite perceber uma parte do opróbrio lançado sobre os países do sul.
Numa passagem particularmente feliz da cineasta Margarethe Von Trotta , encontramos um explicação cultural para a divisão entre o Norte e o Sul ” Todos os alemães têm na sua cultura essa nostalgia do SUL. O que nos falta é proceder à alquimia da alma do Norte com o olhar do Sul. Par
a os latinos a referencia é o sol. Está-se longe do mistério e da angustia que o Norte inspira”.
A cineasta pertence, no entanto, a uma outra geração de alemães. Não sei se as gerações mais novas ainda cultivam essa nostalgia ou se aspiram àquela alquimia. Os seus represantes quase seguramente que não, ou então quereriam que ela se fizesse sob o domínio do pensamento da noite, que Margaretthe Von Trotta associa ao Norte.
Mário Mesquita, saído das ilhas de bruma, esse é um intelectual empenhado na alquimia, na síntese de culturas e influências. Falei dos aspectos multifacetados da sua personalidade, mas porventura aquilo que mais importa realçar é a sua inteireza, a total coerência e determinação, a sua coragem, a sua capacidade de não curvar nem ceder. Pensando nele, recordo uma canção de Frank Sinatra – que não é propriamente uma das suas referencia culturais – My wy For what is a man, what has he got? If not himself, then he has naught To say the things he truly feels and not the words of one who kneels.
Definitivamente Mário Mesquita does it his way!
Homens como ele ajudam a que as nossas vidas sejam melhores. Ajudam a que as sociedades sejam melhores e, por isso, pela nossa amizade mas, sobretudo, pela nossa admiração nos juntamos aqui hoje, comungando a alegria pelo seu novo livro.Eduardo Paz Ferreira
Mário Mesquita, açoriano radicado em Lisboa desde os 17 anos, é jornalista e professor de Comunicação. Aos 21 anos ingressou nos quadros do jornal República (1971-1975), aos 25 era director-adjunto e aos 28 director do Diário de Notícias, cargo que deixou de exercer aos 36 anos. No jornalismo, foi também director do Diário de Lisboa (1989-1990), colunista do Público, do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias. Aos 19 anos aderiu à Acção Socialista Portuguesa e, aos 23 anos, foi membro fundador do Partido Socialista, tendo participado no Congresso de Bad Münstereifel, na Alemanha Federal. Após o 25 de Abril, foi eleito deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, tendo sido um dos principais responsáveis pelo articulado da Constituição sobre a comunicação social. Em 1978, demitiu-se do partido, afastou-se da política profissional e renunciou ao mandato de deputado à Assembleia da República. Licenciado em Comunicação Social pela Universidade Católica de Lovaina, ajudou a fundar a licenciatura em Jornalismo da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e leccionou na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, na qualidade de professor convidado. Ensina na Escola Superior de Comunicação Social e na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Exerce o cargo de administrador da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.
BIO de: http://www.elcorteingles.pt/actividades/actividades.aspNOTA: O Comunidades agradece à Ana Mesquita, filha do autor, o texto e fotos aqui publicados.
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Comunidades
18 mar, 2013, 01:26
Lançamento de “O Estranho Dever do Cepticismo” de Mário Mesquita – Texto de Eduardo Paz Ferreira