O blog Comunidades saúda o Colega e Amigo, Luís Antonio Assis Brasil, colaborador deste blog Comunidades, e deseja-lhe as melhores realizações no novo posto que acaba de assumir como Secretário de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.
Luís Antonio Assis Brasil, não só tem acompanhado a evolução deste espaço dedicado à nossa diáspora açoriana pelo mundo – e do qual nos orgulhamos com a entrada de mais de tres mil visitas diárias – como tem colaborado em projectos relacionados com esta temática, e entre os quais destacamos “Travessias II – Encontros de Escritores Atlânticos -Literatura e Jornalismo: espaços de Visibilidade” (2005) que organizou com Lélia Pereira Nunes, e que aconteceu em Florianópolis e Porto Alegre (patrocinado pela Direção Regional das Comunidades,Governo de Santa Catarina e PUCRGSUL); integrou o Colóquio “Narrando a Diáspora Portuguesa: Identidade e Cultura Além Fronteiras” organizado por Irene Maria F. Blayer e José Carlos Teixeira, e que teve lugar na Universidade de Toronto, a 30 de Março de 2010, com uma comunicação intitulada “O espaço açoriano e a sua representação literária. O Colóquio teve o patrocínio da Direcção Regional das Comunidades, Brock University, Hart House -University of Toronto, e University of British Columbia.
As nossas partilhas académicas também se extendem a outros encontros organizados em Portugal e nos Açores, e em particular aos diálogos relacionados com o projecto Portal das Comunidades Açorianas, em que integramos o Concelho Científico.
A sua atenção a causas açóricas, não se limita às que aqui se expressam. A lista é longa, e sabemos de que se manifestará de modo ainda mais atento, segundo as suas próprias palavras: “…lutarei pela causa açoriana no Sul do Brasil” (email a Irene M. F. Blayer, 2 de Jan. 2011).
Com o apoio maciço da classe cultural gaúcha o escritor Luís Antonio de Assis Brasil é o novo Secretário de Estado da Cultura tendo sido empossado ontem, dia 2 de Janeiro, por Tarso Genro, Governador do Rio Grande do Sul que assumiu o governo riograndense no primeiro dia do ano de 2011.
A escolha de um nome desse calibre representa um grande avanço na política cultural dos estados sulinos. Pois, Assis Brasil é nome respeitado em todo o País.
Na transmissão de cargo ocorrida na manhã de 3 de Janeiro, Assis Brasil diante de uma expressiva platéia de intelectuais e artistas falou da sua missão na Cultura do Estado dizendo que será focado no trabalho em grupo, na evolução de idéias, na retomada da diversidade cultural e no diálogo plural com artistas, gestores e produtores culturais:
“Vamos incluir nosso Estado no século 21, evoluir, aceitar as diferenças, entender o outro como um ente de direitos, estender o acesso à cultura a toda a comunidade rio-grandense e vamos dialogar, sempre, sem exaustão”
Escritor e professor catedrático na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, e cujos antepassados, oriundos da ilha Terceira, participaram na grande epopéia açoriana do século XVIII e do povoamento do Sul do Brasil, é, sem dúvida, um defensor da causa açoriana no Brasil. Escritor reconhecido e premiado, iniciou sua carreira com o romance “Um Quarto de Légua em Quadro” (já na sua 6ª edição) em que aborda a histórica saga açoriana por terras do Sul do Brasil, no século XVIII, mostrando que a mobilidade geográfica significou, também, um movimento do espírito, indomável, na reinvenção da vida no Novo Mundo, na conquista de sonhos e no desejo de realizá-los em terras do Brasil. Do lado de lá, o desenraizamento da terra açoriana fincada no Atlântico Norte e na margem de cá a nova raíz plantada e reimplantada, enraizada para sempre. Adaptado para o cinema,em 2005 (O Diário de um Novo Mundo, de Paulo Nascimento) este primeiro trabalho abriu a comporta de uma levada fértil e uma produção literária, vigorosa, estética, de grande expressão tomou conta primeiro do Rio Grande do Sul e depois do Brasil.
Sobre Assis Brasil o cineasta cearense Douglas Machado produziu o documentário O Códice e o Cinzel (2008) que retrata a vida e o universo literário do escritor gaúcho fazendo uma reflexão sobre os temas que circundam as suas vivências e convivências como a sua íntima relação com os Açores em que, num relato comovente diz “sinto que sou parte deles, dos meus antepassados, dos meus avós, das pessoas que viveram as minhas lembranças, filhos da primeira geração de açorianos”.
A certa altura, o documentário exsurge o regressar às raízes e o diretor Douglas Machado faz a viagem “de regresso” à Ilha de São Miguel enquanto Assis Brasil passa a narrar o que significam os Açores na sua vida, mesmo não sendo um açoriano. Mas, ali se sente em casa e tem grandes amigos. Enfatiza este sentimento de pertença. Desde a primeira viagem ao arquipélago é como se fosse “o filho que regressava”, de sentir voltando depois de uma longa ausência de 250 anos. Nos Açores, em meio ao Atlântico Norte, para além do horizonte gaúcho, Luís Antonio de Assis Brasil é mesmo gente de casa, considerado e respeitado pelos seus muitos amigos e por toda a intelectualidade açoriana, como bem expressa no referido documentário, o escritor Vamberto Freitas: “Quando ele chega cá,quando participa no nosso mundo cultural creio que ninguém o pensa como vindo do exterior, faz parte de nós. É um estudioso nosso. Não vive cá, mas é nosso. E ainda por cima se identifica como açoriano. Eventualmente, a única diferença entre Assis Brasil e nós é ‘o sotaque` e nem tanto…” ou, ainda, como escreveu Onésimo T. Almeida (2003) sobre a realidade do escritor gaúcho e ela necessariamente inclui os Açores que “sentem-se bem mais universais, muito menos ilhas e bastante mais arquipélago agasalhado entre os continentes que lhe são família”.
Não temos dúvida, e reiteramos, que o Secretário de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, Luís Antonio de Assis Brasil, que assume a missão de dirigir os destinos da cultura gaúcha também manterá em suas mãos a defesa da causa açoriana no Sul do Brasil.
Lélia Pereira Nunes e Irene Maria F. Blayer
3 de Jan. de 2011