Pergunto à minha caneta
Que devo eu escrever?
– Usa a minha tinta preta
Que está aí na gaveta
Para as horas de lazer! –
E o papel imponente
Estende-se à minha frente
Com linhas até de mais
Usando a sua perícia
Diz baixinho com malícia
– Em linhas horizontais
Fala daquela saudade
Que tu costumas sentir
O carinho e a lealdade
A partilha da verdade
Para quem gosta de ouvir. –
E com a fronte na mão
Ideias em turbilhão
Vejo a minha mocidade
Vejo família e amigos
Que hoje estão repartidos
Por outras comunidades.
Uma lágrima rolando
Desceu até ao papel
Para selar a amizade
O amor a saudade
Que às vezes é cruel!
(1991)
Lourdes Cordeiro,
Inédito.
Maria de Lourdes Sardinha Alves Cordeiro (1939), doméstica, animadora cultural, natural do lugar de Covoada, freguesia da Relva, ilha de S. Miguel, reside e trabalha na terra natal.