Açorianidade – 133 [Machado Lourenço, “Casas da aldeia”. Elgar, “Salut d’Amour”]
Casas da Aldeia
Ó Casas da minha aldeia,
pombais no monte dispersos,
o vosso encanto e poesia
nunca direi nos meus versos.
Cheias de graça divina,
da alegria de Jesus,
branquinhas, entre a verdura,
sois um cântico de luz!
Frescas, lêdas, aromáticas,
nos seus tapetes de pinho
ajardinadas em volta,
têm a doçura do ninho.
De tão largos horizontes
(tanto quanto a vista alcança),
Se é pobre aquela casita,
É rica de amor e esp’rança…
Rica de amor e de esp’rança,
Rica de paz e de fé:
Lembra-me aquela casita
A Casa de Nazaré…
Um coração ali tenho,
Que pelo meu só palpita!
Agora digam: não devo
Amar aquela casita?…
J. Machado Lourenço,
Benedicite, Angra do Heroísmo, União Gráfica Angrense, 1968.
José Machado Lourenço (1908-1984) padre, professor, ensaísta, poeta, nasceu na freguesia de Cinco Ribeiras, Ilha Terceira, trabalhou em Macau, Goa e Angra do Heroísmo onde faleceu.
Imagem de http://viajala.pt/2011/06/08/piodao-aldeia-de-xisto/