MINHA ALDEIA
Ó minha
aldeia querida,
Meu berço da mocidade,
Por Deus me foste escolhida,
Tenho-te sempre amizade.
Lembra-me a rapaziada,
Nos pastos com a boiada
Assim se passava a vida,
(Que recordar é viver … )
Nunca te posso esquecer
Ó minha
aldeia querida.
Raparigas, lavadeiras,
Em romaria, as ribeiras,
Dobram a minha saudade
De galochinha, sem meia,
(Uso lá da minha aldeia),
Meu berço
da mocidade.
Como lembro as guitarradas,
Quando em noites estreladas,
Se cantava a «Margarida»,
Mesmo até de madrugada
Ó minha aldeia adorada,
Por Deus
me foste escolhida.
Vivo com recordação,
As festas de São João,
De São Pedro e da Trindade.
Minha aldeia sem igual,
Cantinho de Portugal,
Tenho-te
sempre amizade.
Manuel Botelho,
in Saudades da minha terra – versos,
[Ponta Delgada, edição do autor] 1976.
Botelho, Manuel (1910-1977), poeta popular, natural da freguesia de Água Retorta, Ilha de São Miguel, trabalhou como contínuo e chefe de pessoal no Liceu Antero de Quental, cidade de Ponta Delgada, e em Fall River, Estados Unidos da América onde veio a falecer.