O Meu Angra Brother
Se a poesia é o mistério de todas as coisas, como dizia Garcia Lorca, o meu Angra Brother, Marcolino Candeias, é a simbiose dos enigmas que incorporam o mundo dos nossos mundos açorianos. É que na poesia, e em toda a criatividade de Marcolino Candeias, estão patentes todos os recônditos da nossa emigração. Com Joe Canoa, aprende-se a trajetória do emigrante, a miscigenação das nossas comunidades, o retorno, que nem sempre acontece, mesmo para quem volta à ilha. Com um humor gracioso e inofensivo, Joe Canoa, mostra-nos, clara e inequivocamente que todas as famílias açorianas têm o seu calafona.
Da Carta de Joe Simas às Novas da ilha, a presença da emigração açoriana está magistralmente retratada na poesia de Marcolino Candeias, com todas as nuances que advêm de mais de dois séculos de muitas partidas e poucas chegadas. É uma poesia, sem paredes, que incorpora as esfinges de um povo partido e repartido pelas Américas.
Numa Ceia de afetos, comungámos, durante doze anos, na cidade irmã de Angra, Tulare, os ideias da poesia, a verdade da literatura, a magnitude das artes. Foram os anos dos Filamentos da Herança Atlântica que me aproximaram do poeta e do irmão. Nesta Ceia fraterna, partimos o pão da ternura e erguemos, para sempre, o cálice da amizade.
Diniz Borges
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Sobre a Ceia de Marcvs Linvs
Esta foi a "primeira" de uma série de "últimas" ceias. O grupo festeja as Artes no cenáculo da Vinciano,em jeito de academia. Já não há muito que se coma,mas ainda há muito que se beba. E há,acima de tudo,uma Amizade conciliar e festiva,que floresce como açorianidade universal. O dedo de Marcus Linus é bastante conclusivo:sem ele (Marcus Linus) estas ceias de afetos não seriam possíveis.
Não sei quem vai apagar a luz da sala. Mas gostava de saber o que diria o Joe Canoa sobre este quadro!…
Álamo Oliveira
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O Amigo dos Livros
Olhando o precioso documento – que fixa uma geração – presumo que falarão, na distância deste tempo, do poeta inventivo, rigoroso e surpreendente Marcolino Candeias; que referirão o evangélico Joe Canoa, esse aedo calafona que gravou no nosso imaginário a fantasia insular das deambulações de Lázaro e de Cristo; que registarão as descrições surreais e goliardas do jogo do malão num cerrado de San Francisco.
Mas do amável companheiro apostólico quero dizer do meu apreço pelo notável desempenho na direcção da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo. Com efeito, o Marcolino revificou as funcionalidades de uma instituição que, sendo na essência cultural, intenta a promoção e a dinamização da leitura através da dessacralização dos espaços e da contaminação com todas as áreas da comunicação e da expressão. A Biblioteca e o Arquivo, melhor, a cidade de Angra fica a dever-lhe mais esta amorenta ode.
Vasco Pereira da Costa
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