(Edvard Munch 1863-1944)
SONETO XII
FELIZ, feliz do tempo, em que eu vivia
Na doce pátria minha repousado,
E, aos pés da bela Armia, extasiado,
Via a aurora nascer, fugir o dia.
Feliz, feliz do tempo, em que eu sentia
O brando efluvio de seu peito, amado:
Que, de suas caricias afagado,
N ‘um ceo de amores respirar me via.
Hoje (triste de mim!) cruzando os mares,
Sem pátria, sem Armia, insigne amante,
Tudo são penas, tudo são pezares.
Viver não posso de seus dons distante:
Por mais que me distraia, vão aos ares
Meus suspiros, meus ais, de instante a instante.
J. A. C. de Melo e Silva
Poesias Lyricas – Colleção Primeira,
Angra do Heroísmo, 1834.
Poesias Lyricas – Colleção Primeira,
Angra do Heroísmo, 1834.
Silva, José Augusto Cabral de Mello e (1793-1871), funcionário público, advogado, poeta, tradutor de Horácio, natural de Angra do Heroísmo, residiu e trabalhou no Rio de Janeiro, Brasil, e na cidade natal onde faleceu.